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Onde estava em 1940?

por Carla Hilário Quevedo, em 06.09.11

PG Wodehouse é reconhecidamente um dos maiores humoristas de língua inglesa. Criador do inútil Bertie Wooster e do seu sábio mordomo, Jeeves, o escritor foi acusado de traição por ter realizado cinco programas de rádio para os nazis, transmitidos em inglês, para os americanos, antes de entrarem na guerra. Os programas falavam do seu quotidiano de prisioneiro privilegiado. Os textos não elogiavam as virtudes do regime. O escritor foi, aliás, ilibado da acusação pelo próprio MI5, mas nunca chegou a ser informado disso em vida. Morreu em 1975. Robert McCrum, o seu biógrafo, indignado por o nome de Wodehouse volta e meia aparecer associado aos nazis, faz uma defesa amargurada no Guardian. Além de descrever Wodehouse como um homem desligado da realidade, formado no seio de uma classe social e de uma geração que perante as piores vicissitudes faziam humor ou tentavam ver o lado positivo do infortúnio, questiona a importância do episódio da vida do escritor. Como deve reagir um ser humano quando é confrontado com uma situação terrível da História e não a entende? Será que todas as nossas decisões seriam correctas? Espero nunca passar por uma situação parecida.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 2-9-11

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publicado às 15:58