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Um documentário sobre Tex Avery à disposição de quem se interessar. Continua na segunda parte, na terceira, quarta e quinta. Eu amo o YouTube.
Ava Gardner
... cara f., finalmente aqui estou. Pois as fotografias antigas têm muitas vezes esse efeito de nos assustar, como num filme de terror, como a f. diz. Mas eu era assim? é uma pergunta que fazemos quando olhamos ao espelho quando já não vemos aquela miúda de dez anos (as minhas referências de memória raramente são da adolescência, é curioso - lembro-me com frequência de quando era muito miúda, mas tenho poucas memórias - ou invoco pouco esses fantasmas - dos meus 17 anos). A questão talvez seja que não vejo outra coisa (e algo me diz que isto não é nada bom), e por isso mesmo, o exercício de ver e rever fotografias antigas minhas acaba por ser uma espécie de overdose de narcisismo. Ora, isto não leva a que não me apeteça ver mais fotografias dessa época, mas acabou por acontecer. Talvez porque o narcisismo já teve os seus dias de glória. Ou então porque conheço essas fotografias de cor; tenho-as tão presentes que sou capaz de as descrever de olhos fechados (e acabo de me lembrar de uma em que tenho 16 anos - estou a tentar invocar o fantasma do Natal adolescente passado - e da impressão ao olhar para aquela imagem. Não que aquela rapariga seja uma estranha, mas há certezas aos 16 que... se confirmam passados milhares de anos! :-)). Ou seja, as imagens despertam lembranças com impressões e sentimentos. E depois depende: às vezes isso é bom, outras vezes, doloroso. A f. fala da passagem no tempo num rosto e de ser possível vermo-nos ao espelho sem sobressaltos, e de assim nos reconciliarmos com o passado, inclusivamente com um passado genético. De vermos todas as fotografias antigas em paz, por assim dizer. Mas é preciso mesmo vê-las? E precisamos de ver o que fomos para saber o que somos? Na verdade, sempre tive mais curiosidade fotografias de pessoas que não faziam parte do meu dia-a-dia infantil, e que apareciam nas tais fotografias em casa dos avós. Quem eram aquelas pessoas, perguntava à minha avó. E, mesmo depois de saber, pedia-lhe para repetir. Eram horas e horas nisto. E a avó contava como se fosse a história dos Três Porquinhos. É uma boa memória do Natal passado.