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Em França, Frédéric Lefebvre, deputado e porta-voz da UMP – Union pour un Mouvement Populaire – de Nicolas Sarkozy, deu o alerta: a criminalidade juvenil deve ser acautelada desde o infantário. Segundo estudos referidos por Lefebvre, é possível detectar, a partir dos três anos de idade, se uma criança tem inclinações violentas graves. Os números revelados são assustadores. Em 1945, um menor em cada 166 era um potencial criminoso. Hoje em dia, temos um em apenas trinta. Devido a este aumento estatístico substancial, bem como ao desenvolvimento rápido na adolescência nos dias de hoje, o deputado pretende baixar a responsabilidade criminal até aos doze anos de idade. Mas fazer uma prevenção radical, logo a partir do jardim-escola, não será um exagero? Não por me parecer impossível detectar um psicopata aos quatro anos. Só tenho sérias dúvidas quanto aos profissionais autorizados a decidir que criança é um assassino em série em potência e que miúdo é simplesmente um hiperactivo afectuoso ou um bocadinho bruto. Quem seriam os especialistas em pedocriminologia? E como fazer um diagnóstico acertado tão cedo na vida? Errar podia ser trágico.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 6-12-08.
No domingo passado o Papa Bento XVI condenou os últimos acontecimentos de violência em Jos, na Nigéria, e em Bombaim, na Índia: «São diferentes as causas e as circunstâncias (…) mas devem provocar o mesmo horror e reprovação». Há nesta advertência uma condenação de uma hierarquia sistemática que os actos de violência adquirem nos meios de comunicação social e, por conseguinte, no mundo. O número de vítimas é aproximado e, no entanto, nas nossas cabeças, Bombaim está mais perto do que a Nigéria. O terrorismo organizado tem de ser combatido, mas a selvajaria «espontânea» de populares contra os seus semelhantes não é menos grave. A explicação preguiçosa de se tratar de mais um confronto entre cristãos e muçulmanos não é suficiente. A opinião dos auto-intitulados agnósticos, que não se cansam de repetir que as religiões são as maiores responsáveis pelas guerras sanguinárias, também não serve. Não acredito que um muçulmano pobre e ignorante odeie até à morte um cristão igualmente pobre e ignorante ou vice-versa. Os bons crentes só podem deixar de o ser se acreditam que há quem lhes queira fazer mal. E, mesmo assim, é difícil.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 6-12-08.