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I love TLS*

por Carla Hilário Quevedo, em 07.09.10
Georges Rohner, La partie de cartes, 1962
 
* A capa da edição de 3 de Setembro é deslumbrante. Andei à procura da imagem, mas não fui bem sucedida na pesquisa de The Battle of the Oranges. Fica aqui outra, de outro quadro deste autor.

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publicado às 18:21

Insensibilidade

por Carla Hilário Quevedo, em 07.09.10

Os trinta e três mineiros presos há um mês na mina de San José, no Chile, podem só ver a luz do dia lá mais para o Natal. A notícia está a ser encarada com boa disposição pelo grupo. A solidariedade em torno dos homens e a certeza de tudo estar a ser feito para que sejam tirados dali com vida têm dado força aos trinta e três. De camas a medicamentos, tudo tem passado pelo tubo de doze centímetros que liga o buraco de cerca de cem metros, a setecentos de profundidade, ao exterior. Ou quase tudo. O El País noticiou que os mineiros pedem álcool e tabaco desde o primeiro dia. Mas em vez de vinho e cigarros têm recebido vitamina B e ácido fólico. Para ajudar à distracção, as equipas de apoio ao resgate enviaram dominós, e para manter o espírito ocupado desceram pelo tubo umas bíblias minúsculas. Podiam ao menos ter enviado pastilhas de nicotina e bombons de licor. Sobreviver meses a fio debaixo da terra – «uma situação que nunca aconteceu», como refere o psiquiatra Rodrigo Figueroa, citado pelo Guardian – não implica apenas tentar não ficar doente do corpo e da cabeça. Cabe agora a cada uma destas pessoas a tarefa desumana de anular aquilo que é.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 3-9-10

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publicado às 18:14

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 07.09.10

Tippi Hedren

 

... não sei precisar o momento em que me tornei uma pessoa que acorda muito cedo. Só sei que não era assim. O resultado desta mudança é estar a ver o Prós & Contras e sentir o apelo irresistível dos lençóis pouco depois do primeiro intervalo. A conversa também ajudou à desistência. Penso que foi José Manuel Fernandes que invocou o que é dito nas redes sociais ou nas caixas de comentários como um contributo válido e sério para o que está em causa. Foi desolador ouvir uma pessoa que é convidada para participar num debate televisivo a mencionar o que se diz por aí como se isso contasse para o debate. Só posso dizer que, à semelhança do João Gonçalves, tenho dúvidas. Depois deste tempo todo de imbróglios jurídicos, adiamentos, páginas e páginas de processo, anos nisto, etc., tenho uma ideia menos clara do que se passou do que que tinha no começo. As coisas pareciam claras, e além dos testemunhos, tudo indicava que houvesse outras provas incriminatórias. Também o tempo de espera, associado ao mediatismo do processo, leva a que coloquemos a hipótese de haver erros. Fica uma má impressão do funcionamento da justiça. Mas tenho uma pergunta: se os condenados estão inocentes como dizem, então as vítimas estão contentes com o quê?

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publicado às 08:23