Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Brigitte Bardot
... Vitor Gaspar é, por enquanto, o ministro que me interessa ouvir neste governo. Por razões evidentes - citando Dorothy Parker, «what fresh hell is this?» -, mas também porque nunca tivemos no governo uma pessoa tão tranquila e ao mesmo tempo tão violenta na resposta aos adversários. O estilo agressivo e furioso de Sócrates não me despertava interesse: os nervos à flor da pele, a guerra pela guerra. Gaspar é pausado, pensa nas respostas e responde sem piedade aos oponentes. A piedade é um assunto sério e a sua ausência da discussão é fundamental para chegarmos à verdade. Gaspar é ridicularizado por comentadores à direita, quem sabe se intimidados pelo vocabulário do ministro. A sua resposta ao deputado do PCP com a citação de Keynes fica para a História como a primeira vez que um ministro numa coligação de direita acusou um comunista de o ser. E os presentes no debate riram todos muito. Mas que bando de totós.
Um desenho do João Miranda. Outro desenho no blogue do Pedro Neves.
La solitudine dei numeri primi (AA). Kick Ass (AAA). Hall Pass (AAA+)
Já todos assistimos a episódios de injustiça. Porém, nem todos intercedemos nestes casos. Pensamos duas vezes. Fingimos não perceber. Somos cobardes. Além do mais, é difícil falar de justiça, sobretudo quando as expressões «cada caso é um caso» e «não estava lá e não vi» entram na discussão. Como se nunca fosse possível ser justo em situações do quotidiano por falta de provas. Li há dias uma frase original sobre a pessoa justa. Infelizmente, não apontei o nome do autor ou da autora e não voltei a encontrar a citação. Dizia que «a pessoa justa é desagradável». Agir com a intenção de repor o equilíbrio exige ser um chato, na medida em que obriga a meter-se onde não é chamado. Mas não é um dever intervir quando estamos perante uma injustiça? Se sim, então ser um chato é um dever. E se é um dever, não o cumprirmos significa pactuarmos com a injustiça cometida. Somos espectadores e cúmplices. É certo que nem sempre temos as condições ideais para sermos justos. É raro estarmos de fora e termos poder para intervir. Aconteceu-me na semana passada. Éramos os únicos clientes sentados num restaurante de fast food quando entrou um casal com um carrinho de bebé. A mulher, sem perguntar nada, pôs-se a arrastar duas mesas para um lado do restaurante, bloqueando a passagem para uma escada que dava para o piso de cima. Uma empregada pediu, por favor, que não insistisse naquilo. A mulher continuou. A empregada desistiu. Veio outro empregado pedir, com mil cuidados, que, por favor, colocassem as mesas onde estavam. Havia espaço para o carrinho, dizia. Só ouvi o cliente, como um bully caprichoso, a repetir porquês ao ouvido do empregado. Saíram dali a praguejar. Pouco depois voltaram, furibundos, a exigir o livro de reclamações. O homem escreveu e escreveu, até sair com um sorriso nos lábios, quem sabe se a pensar que tinha estragado o dia (e a vida) ao empregado. Pedi o livro e reclamei do cliente. Escrevi e escrevi. Conto esta história para mostrar que fazer a coisa certa é um dever. Nem sempre é simples. Desta vez, foi.
Publicado hoje no Metro.
Eartha Kitt (bem acompanhada de James Dean, que convenceu a ter aulas de ballet)
... não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti é uma boa exortação. É por isso que só dou conselhos a quem mos pede. Mas quando estou com pessoas de quem gosto muito, cedo por vezes à tentação de lhes dizer o que me parece ser melhor para elas. Isto é errado. Não suporto pessoas voluntariosas. Sei o mal que fazem. Posso ser autoritária, às vezes chata, mas não sou metediça.
Greta Garbo (bem acompanhada da equipa de atletismo da Universidade da Carolina do Sul)
... há dias enviei a minha candidatura espontânea via blogue para o sítio errado. Felizmente, antes de iniciar uma carreira fulgurante no SIS, percebi que não são as questões internas que me movem. É certo que os problemas domésticos das Secretas precisam de ser resolvidos para que não sejam alvo de risota. Contratem mulheres, que são mais discretas. Mas não a mim. Prefiro o SIED. É a vida jamesbondiana que me atrai. Aqui não dá. E com este novo aumento de impostos aos 'ricos', ainda menos. Já agora, duas perguntas: como vamos evoluir num País que taxa brutalmente o rendimento do trabalho? Vale a pena trabalhar mais para pagar ainda mais impostos? As indicações dadas são as de que o esforço só serve para ser taxado. Lá vou ter de voltar à ideia patriota de integrar a equipa de Vitor Gaspar e abandonar a vida de glamour de espia internacional.