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Imunes a tudo

por Carla Hilário Quevedo, em 29.10.14

Dizem que em Inglaterra está a ficar na moda entre os socialites darem beijinhos no ar para evitarem o contacto. Claro que os beijinhos no ar se devem ao pânico do contágio do ébola. É sabido, contudo, que os anglo-saxões não são muito dados a beijinhos. Mas talvez por esta forma de cumprimentar ser tão histriónica, imagino que se tornará mais comum do que os verdadeiros beijinhos nas bochechas. O mundo latino, franceses incluídos, se também entrar em pânico, poderá vir a sofrer mudanças drásticas. O que será de nós se não pudermos tocar, beijar, fazer festinhas nos nossos amigos? Se o mundo se tornar ebolafóbico, também ficará ridículo. Vi num site uma imagem de uma mulher num aeroporto vestida com um fato isolante parecido com os que usam nos hospitais, mas feito com sacos de plástico. Começamos com beijinhos no ar e acabamos fechados nas nossas casas. O que nos vale é já termos sobrevivido às vacas loucas, à gripe da aves e à gripe A.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 24-10-14

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publicado às 17:58

Processo sexual

por Carla Hilário Quevedo, em 29.10.14

Pelo acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, ficámos a saber que a actividade sexual não tem a mesma relevância com o avançar da idade. Esta afirmação ridícula foi a desculpa para reduzir uma indemnização mediana (175 mil euros) para uma má prática profissional cometida há quase 20 anos. Os juízes exibiram a sua estupidez para justificar a falta de respeito e empatia com a vítima. É, no entanto, surpreendente que os juízes tenham conhecimentos tão profundos sobre a sexualidade em geral e a feminina em particular. Sabemos que as decisões dos tribunais são incompreensíveis, tais como condenações leves ou ausência de condenação em casos de violência doméstica, por exemplo. Habituámo-nos a ouvir que uma decisão judicial tem bases rígidas no código que não são claras para todos. Tudo bem. Mas em que código está o tema da sexualidade depois dos 50? E onde está escrito que os juízes não devem ter vergonha de decidir 20 anos depois do sucedido?

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 24-10-14

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publicado às 17:52