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Luís Ferreira envia-me a tradução de José Agostinho Baptista, do poema Sailing to Byzantium, de W. B. Yeats, publicada pela Assírio & Alvim, na colecção Gato Maltês, em 1988. Observemos tudo com atenção, e o primeiro verso também. Muito obrigada pela gentileza!
RUMO A BIZÂNCIO
I
Este país não é para velhos. Jovens
Abraçados, pássaros que nas árvores cantam
– essas gerações moribundas –
Cascatas de salmões, mares de cavalas,
Peixe, carne, ave, celebrando no Verão
Tudo quanto se engendra, nasce e morre.
Prisioneiros de tão sensual música, todos abandonam
Os monumentos de intemporal saber.
II
Um velho é coisa sem valor,
Um andrajo, num bordão, a não ser que
A alma aplauda e cante, cante alto
Cada farrapo de sua mortal veste.
Nem há escola de canto somente o estudo
Dos monumentos de seu próprio esplendor;
Por isso cruzei mares e cheguei
À sagrada cidade de Bizâncio.
III
Oh, sábios que estais no fogo de Deus,
Qual dourado mosaico sobre um muro,
Vinde desse fogo sagrado, roda que gira,
E sede os mestres do meu canto, da minha alma.
Devorai este meu coração; doente de desejo,
Atado a um animal agonizante
Ele não sabe o que é; juntai-me
Ao artifício da eternidade.
IV
Da natureza liberto jamais de natural coisa
Retomarei minha forma, meu corpo,
Mas formas outras como as que o ourives grego
Em ouro forja e esmalta em ouro
Para que o sonolento Imperador não adormeça;
Ou em dourado ramo pousado, cantarei
Para damas e senhores de Bizâncio
Cantarei o que passou, o que passa, ou o que virá.