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Eu votava

por Carla Hilário Quevedo, em 14.07.08

Julgo que ninguém pode ficar insensível perante a atitude de Ingrid Betancourt na sua libertação. Muito acima das polémicas a respeito da sua libertação e da operação de resgate, acima dos protestos dos analistas que lembram – como se pudéssemos alguma vez esquecer – que o problema do terrorismo na Colômbia está longe de ser resolvido, temos Ingrid. Quem assistiu à sua chegada a Paris e à declaração de gratidão a Nicolas Sarkozy, estendo-lhe a mão enquanto dizia palavras firmemente emocionadas, sabe do que estou a falar. Surpreendeu-me a extraordinária força desta mulher, que, não só sobreviveu a condições para nós inimagináveis como conseguiu não parar no tempo. Sei que o seu passado político não será alheio a estas qualidades, nem às suas capacidades retóricas, nem ao seu à-vontade. Mas a elegância e, se me permitem, a dignidade desta mulher nesta situação particular de ex-vítima são admiráveis. Quando foi raptada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, há mais de seis anos, Ingrid Betancourt era candidata à Presidência do país. Quem não votaria nela se retomasse a sua vida no ponto em que foi obrigada a desistir?

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 12-07-08.

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publicado às 09:05