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É proibido espirrar

por Carla Hilário Quevedo, em 14.04.09

Vivemos numa época em que mais que nunca o Estado se preocupa com a saúde dos cidadãos. Como bem notava Vasco Pulido Valente na semana passada no Público, os motivos para esta inquietação estão longe de ser altruístas. Menos doenças equivalem a menos despesas com a saúde. Mas imaginemos uma pessoa magra, não fumadora, que nem sequer come pão com ou sem sal, mas que padece de uma doença respiratória qualquer. A essa pessoa de nada servem as campanhas de prevenção e proibição. As doenças respiratórias são a terceira causa de internamento em Portugal e nem todos os pacientes sofrem de cancro do pulmão. Muitos padecem de alergias e são asmáticos. O que fazer para impedir estas doenças crónicas? Talvez o Estado pudesse proibir os pólenes que ousam passear por aí nesta estação do ano. Já que se legisla por tudo e por nada, que se fizesse uma lei contra as flores, as árvores e os jardins. E contra as vassouras, que, atrevidas, levantam o pó. Um português, um aspirador! Em cada bomba de gasolina, uma bomba de asma! Expatriem os ácaros para a Acarolândia! O Estado devia proibir a Primavera. O dinheiro que se poupava se viesse já o Verão.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 11-4-09. 

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publicado às 13:40