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Anita Ekberg
... ontem dei por mim a ter pena por Sócrates se ter tornado (ou ser: o que é o mesmo, para todos os efeitos) aquilo que vimos: alguém que a qualquer momento e por qualquer motivo se transforma num monstro verde. É muito chato isto, é mau, é provavelmente uma doença antiga a que Séneca dedicou tempo da sua existência e que se chama ira. Ora, a ira é uma grandessíssima maçada, mas nos nossos dias passa por determinação e firmeza. Não sou apreciadora do género. Sócrates até podia ser vaidoso; colérico é que não. Ou então teria de ser um génio político - e nessa altura toda a gente lhe perdova tudo, e os próprios adversários lhe reconheceriam as qualidades imaginadas. Assim, não. Talvez o que me pareça pior em Sócrates seja o facto - o facto - de não se ter dado sequer ao trabalho de manipular. Mas agora chega a uma fase em que precisava de ser diferente. O que, é claro, não pode acontecer. Enquanto isso, em Roma, felizmente há Caravaggio.