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Escrevi este texto no dia anterior à notícia do The New York Times sobre o alegado encobrimento do então Cardeal Joseph Ratzinger de um padre pedófilo, numa escola de crianças com deficiência no Wisconsin. Ontem, saiu no mesmo jornal mais uma notícia que Ratzinger, ainda Cardeal, teria fechado os olhos a outro caso, desta vez de um sacerdote pedófilo na Alemanha. É com toda a franqueza que vos digo que estou chocada com o que está a vir a público. Se me julgam ingénua por isso, paciência. É bom ser capaz de conservar uma dose de ingenuidade, mesmo que o mundo insista em surpreender-nos com o pior. As duas notícias foram entretanto desmentidas pelo Vaticano. Mas e os documentos apresentados pelo jornal? Esta questão é demasiado grave para não se investigar a fundo. O envolvimento do Papa Bento XVI, a ser confirmado, será das notícias mais graves de que tenho memória, e que terá consequências para a Igreja. No meu caso, que me sentia mais próxima, após anos de afastamento e crise, recebo tudo isto com tristeza. Li ainda que um cardeal poruguês, José Saraiva Martins, afirmou que a Igreja, como qualquer família, "não lava a roupa suja em público". Infelizmente, parece que ao longo dos anos, também não se terá preocupado muito em lavar a tal "roupa suja" - maneira medonha de se referir a casos de crianças abusadas - em privado. Espero, por muitas razões, que Ratzinger não esteja envolvido nisto. Mas, se estiver, vou ficar, como muitos, de coração partido.