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Daisy Goodwin, membro do júri do prémio Orange, atribuído a obras de mulheres romancistas e escritoras revelação, reclamou publicamente da falta de humor nos textos apresentados este ano. Goodwin contou que dos 129 livros de ficção a concurso, grande parte começa com uma cena de violação, noutros contam histórias de «irmãs asiáticas», e que o simples prazer do leitor parece ter sido esquecido pelos editores. Como era esperado, Goodwin foi atacada por ser um membro do júri a falar mal de mulheres num concurso em que se premeiam mulheres. Mas e se forem todas umas chatas? Ou melhor: se uma das condições do Orange é premiar grandes livros, capazes de estimular os leitores, Goodwin tem razão em apontar a falta de graça como uma falha grave. É certo que há diferenças evidentes entre livros chatos e livros sérios. E entre livros chatos, sérios e bons. Mas é também certo que os grandes livros nunca são chatos embora sejam sempre sérios. Mesmo que tenham muita graça. Podem agora dizer que depende de quem os lê. Pois é capaz. Seja como for, estou do lado de Daisy Goodwin. Quem não poupar os leitores a folhetins pessoais amargurados não merece nenhum prémio.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 26-3-10