Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 23.04.10

Chloë Sevigny

 

... numa tentativa de tirar a limpo uma frase de Wittgenstein, fui dar a Cultura e Valor, um conjunto de notas manuscritas e dispersas do filósofo, organizadas por Georg Henrik von Wright, que seleccionou os 'melhores' apontamentos, excluindo os de natureza «de tipo puramente pessoal». As notas estão organizadas por ordem cronológica, com indicação da data em que foram escritas. A frase que me interessa agora é de 1948 e foi traduzida assim por Jorge Mendes (Edições 70, p. 101): «Os animais acorrem quando são chamados pelos seus nomes. Exactamente como os seres humanos». E não, não há contexto. Há pessoas que nunca acorrem a nada, por muito que as chamemos. Podem não ser capaz de ouvir, ou podem não estar atentas. Não faço ideia se as aves em geral acorrem quando são chamadas pelos seus nomes, mas talvez os golfinhos o façam. E as tartarugas? Precisamos de dizer o nome de uma certa maneira, exactamente como fazemos com as pessoas. Quanto a gatos, é provável que os siameses tenham uma reacção mais esperta que o gato Varandas, que, é preciso notar, é lindo. A questão é: os animais reagem a um som que reconhecem como o seu nome? Porque se a resposta for sim, é desta que nunca mais como carne.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 08:22