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Sophia Loren
... gosto de pensar que sou uma pessoa inocente que deixou de acreditar nalgumas coisas. Considero esta perda natural (acontece mais ou menos a todos), mas nem por isso me agrada. Deixei de acreditar, por exemplo, na vontade dos políticos em resolver os problemas graves deste país. É um exemplo chocho, também comum a todos; até nem parece nada de especial, mas é sincero. Quando vejo Pedro Passos Coelho, com um ar de falinhas mansas - quem lhe disse que aquela pose era credível? - a encontrar-se com Sócrates, percebo que é provável que venha a ser o próximo primeiro-ministro de Portugal. Foi hábil, sem dúvida. Mas quer saber disto para alguma coisa? Esta pergunta justifica-se num momento em que os políticos não são confiáveis. No outro dia ouvi o Pacheco Pereira a dizer que as pessoas culpavam os políticos de tudo. (E também concordo que Teixeira dos Santos é o único com cara de preocupado no governo.) É verdade; penso que mais que nunca. Mas a responsabilidade desta ideia generalizada é dos políticos, não das pessoas. Salvo raras excepções, nenhum parece estar interessado em resolver problemas. É que 'resolver' significa 'decidir', e para isto é preciso ter coragem. Coragem para dizer que não muitas vezes, por exemplo. Não ao TGV, não ao novo aeroporto, não às cinquenta mil auto-estradas em que depois ninguém circula. A última pessoa que vi com este ânimo foi Manuela Ferreira Leite. Apesar de não concordar com muito do que pregava, a senhora queria saber disto. Passos Coelho não me desagrada completamente. E não, não é nada o meu estilo - muito novinho, português, barba feita. Talvez porque num momento de inocência ainda acredite que a pose não faz o homem. A acrescentar ao caos governativo em que nos encontramos, o sol tem estado demasiado tímido para o meu gosto. E o que eu gosto de um sol bem forte, senhores!