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Salvar o que se pode

por Carla Hilário Quevedo, em 18.05.10

Uma plataforma de petróleo explodiu no Golfo do México. Como é infelizmente habitual, imagens de pássaros ensopados pela mancha de crude correram mundo. Até ler um artigo na Popular Mechanics que explica como se limpa o crude destes animais aflitos julgava que não tinham a menor hipótese de sobreviver. Mas têm. Só se não sabe cumprir esta tarefa, mais vale ficar em casa. A intervenção na acção de risco é restrita aos especialistas. A bicharada voadora marítima é antes de mais retirada para um local seguro. Antes de serem lavados, e porque estão em choque, os pássaros têm de ser acalmados e hidratados. Só passados cinco dias vão ao banho. São precisas duas pessoas para dar um banho de espuma aos bichos e para os ir mudando de banheira à medida que a água vai ficando suja. As asas têm de ser lavadas com a pressão de água certa e depois secas cuidadosamente com toalhas e cotonetes. O pior vem depois. Os veterinários dizem que as vítimas destes desastres ambientais podem demorar meses até serem devolvidos ao seu habitat. Alguns passam a viver em cativeiro. Deve ser como sobreviver a um tremor de terra. Quem é que depois fica sossegado em casa?

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 14-5-10

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publicado às 18:37