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Amo a vuvuzela

por Carla Hilário Quevedo, em 15.06.10

Poucos gostam do som da vuvuzela – uma corneta estreita e compridinha. Confesso que o tom grave que emite me agrada imenso. Faz lembrar paisagens exóticas, tempo árido, sol a pique e animais de grande porte em movimentos lentos. A imagem correspondente ao som da vuvuzela é aquela baixa resolução de cores a separar a terra do céu, que parece haver na praia em dias de calor intenso. O tom baixo e contínuo é quente como as terras sul-africanas; um «vuuuuu» que só acaba quando não há fôlego para mais. No entanto, não é apenas a caixa torácica do tocador que é posta ao serviço do Mundial. Sugiro que a respiração seja controlada e para isso há que usar o diafragma. Distenda o diafragma ao mesmo tempo que inspira e expire contraindo toda a zona da barriga. Ah, esta expiração deve ser feita, claro, com a boca devidamente colocada na dita da corneta. A posição dos lábios não pode ser deixada ao deus-dará. Os lábios devem estar perfeitamente colados ao bocal, e a abertura da boca deve ser mínima. Caso deixe os lábios relaxados, o resultado é uma espécie um «brrrrruuuuuu» talvez mais abebezado. Este som também é giro. Os meus vizinhos vão ter um mês muito difícil...

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 11-6-10

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publicado às 19:32