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Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 14.09.10

Elizabeth Taylor (bem acompanhada)

 

... no tradicional almoço de sexta, conversámos sobre a dívida de Portugal ao exterior. Perante o cenário catastrófico de devermos 450 mil milhões de euros, a possibilidade de solução colocada em cima da mesa - diria que literalmente - foi a do perdão de parte da dívida. Nunca vamos poder pagar o montante inimaginável que devemos. Nem que nos tornemos alemães no trabalho e noruegueses na poupança. O montante também revela que, de certa forma, o país deixou de ser nosso. Não é que alguém de facto esteja interessado na propriedade Portugal, mas um país com um buraco financeiro tão grande não pertence ao seu povo. É como ficar a dever para sempre as férias em Cancun (o exemplo preferido de Medina Carreira) ao cartão de crédito. Aquelas férias na verdade não pertencem às pessoas que as tiraram. Foram férias a brincar, ou de faz-de-conta, como queiram. Não fazendo ideia de como isto se resolve, chegámos à conclusão de que negociar o perdão de vinte por cento da dívida devia estar na agenda em Bruxelas. Só para ver se conseguíamos, à mesma com um grande esforço, pagar o que resta. Perante este estado paralisante de coisas, não nos suscitou interesse falar sobre a Casa Pia e os problemas informáticos do Acórdão, nem sequer até que ponto deveria ser abreviado o futuro da criatura que há uns dias matou a mãe em Coimbra.     

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publicado às 08:53