Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O mundo virtual não é diferente de outro habitado por seres humanos. Nem os seus intervenientes, por mais avatares, pseudónimos e identidades que adoptem nas redes sociais e nos blogues, se transformam por magia noutras pessoas. Se assim fosse, como poderíamos responsabilizar os que passam os dias a difamar pessoas em caixas de comentários? Ninguém é outro por ter banda larga. Decorre desta certeza que crimes praticados online sejam de idêntica gravidade aos perpetrados na chamada «vida real». Precisamente porque não somos «outras» pessoas perante a lei. A esquizofrenia é uma doença grave, e o termo não deve por isso ser gasto a descrever um modo de vida que se baseia num aparente desdobramento de personalidade, mas que afinal se resume a dizer uma coisa no Facebook e outra em casa. Há diferenças a respeitar entre a doença mental e a cobardia. Felizmente, na maioria dos casos, o interesse dos intervenientes nas redes sociais consiste em comunicar, partilhar e fazer parte de uma comunidade. A felicidade que provém da comunicação, da partilha e da participação num grupo é o aspecto mais profundamente sério de uma vida online. Que não é diferente de outra.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 10-9-10