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Se eu fosse Primeira Cidadã de Portugal, à boa maneira de Augusto, em Roma, embora no tempo presente, acabava com as praxes académicas, o Acordo Ortográfico e as touradas. Dou o exemplo de um cargo romano (que nenhuma mulher exerceu, pelo que teria de me transformar por instantes num homem) por causa da sua natureza, que permitia a tomada de decisões sem usar muitas palavras. Peço desculpa pela falta de sentido democrático, mas garanto que não precisava de seis meses para pôr ordem na casa. Um dia, o país acordava sem haver aqui a possibilidade de oprimir o próximo, pelo menos destas três formas. As universidades não poderiam receber os alunos à pancada, porque correriam o sério risco de fechar portas. As praxes seriam substituídas por recepções calorosas aos novos alunos. Não seria exigido aos cidadãos que mudassem a sua ortografia por alguém ter decidido, numa atitude déspota (e em democracia!), de cima para baixo, que seria «bom para a economia». Também ninguém poderia oprimir um animal para satisfação de outros tantos que se dizem humanos. Estaríamos, então, em condições para voltar à democracia e resolver todos os outros problemas que temos.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 13-4-12