... ando há uns tempos a pensar que
Surannée, cantado por Jane Birkin e Françoise Hardy é um dos temas mais bonitos que ouvi na minha vida (obrigada, Rui, bom dia). Por acaso ou privilégio ou ambos, já ouvi alguns muito belos. Há muita gente que reclama da música nos blogues. Reclama sobretudo porque está a trabalhar e não quer que o colega ou o chefe percebam que está a passear na blogosfera em vez de estar a produzir riqueza. Proponho que desliguem as colunas e que sejam mais rápidos do que uma bala a clicar no
stop na barra do Explorer. Aos que não podem fazer nem uma coisa nem a outra, porque têm computadores sofisticados e utilizam sistemas que escapam completamente à minha parca capacidade de compreensão destas coisas ditas informáticas, desejo um bom dia, peço que descontraiam e que visitem o blogue sempre que estiverem sozinhos no escritório. Às vezes, apetece-me ouvir
heavy metal alemão, algo que podia fazer no sossego do meu lar, mas que não teria tanta graça como... pôr a música no blogue e partilhar esse meu gosto com os leitores. Agradeçam ao
filexoom por não me deixar concretizar os meus sonhos. Mas do que gostava mesmo era de pôr aqui a tocar o
Surannée cantado pela dulpa Birkin/Hardy. Já disse que é lindo, mas só uma pessoa a dizer é pouco. Gostaria de reunir consenso, algo que Christopher Hitchens não conseguiu com o seu
artigo provocatório na
Vanity Fair acerca da falta de sentido de humor ou de piada ou de capacidade de rir e de fazer rir das mulheres (há que lhe enviar o quanto antes todas as apresentações de Sarah Silverman). Claro que um artigo daqueles nunca poderia reunir consenso. Aliás, um artigo, um texto, uma crónica, uma (ui) obra literária, se reúne consenso, então é porque 1) é brilhante (cada vez mais raros os casos em que isso acontece) ou 2) porque não presta (isso, sim, já é frequente). As cartas das leitoras publicadas na edição de Março da
Vanity Fair são boas, mas há uma deliciosamente feminina que dá uma alfinetada superior no autor. Leiam só esta passagem: "Hitchens assumes that, because women laugh at him at parties, he actually
is funny. A woman will laugh at a man not only if she thinks he's genuinely funny, but also as a way of rewarding him, like a trainer throwing a herring to a seal. It's an audible, easy-to-understand way of giving encouragement to his fragile little ego. Think of it as the public version of faking an orgasm." Assina Robin Schiff e a resposta de Hitchens às reacções é de quem se leva muito a sério. Ou tem pouco espaço para responder. Pena não ter ficado calado.