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Nicolas Sarkozy declarou no Verão que o uso do véu islâmico integral ou burqa «não era bem-vindo em França». Quase cinco anos após a proibição de símbolos religiosos nas escolas, o governo francês preparava-se para aprovar uma lei que proíbe o uso da burqa no espaço público. No entanto, Benoît Hammon, porta-voz do partido socialista francês, manifestou que o partido da oposição não é favorável à nova lei, embora seja contrário ao uso da burqa por ser «uma prisão para as mulheres». Acrescentou ainda que não compete ao Estado avaliar a boa ou má interpretação do Corão, questionando a legalidade da proposta. Cerca de duas mil mulheres usam a burqa e o niqab em França. Usada no Afeganistão, sobretudo fora das cidades, até à chegada dos talibãs ao poder, esta peça controversa de vestuário consiste num pano que cobre a mulher do topo da cabeça aos tornozelos, com uma rede a tapar a cara. A quem defende que toda a gente tem o direito de vestir o que muito bem quiser, sugiro que dê um passeio sem roupa na via pública e depois relate as consequências. O exibicionismo da burqa deve prever as mesmas penas e assim o seu uso será desencorajado. Falo do exibicionismo descarado desta forma de opressão sobre as mulheres. Só por esta razão, é de felicitar a intolerância corajosa do Presidente francês a esta forma de prepotência aberrante, que não pode ter lugar num país europeu. Na minha opinião, a burqa simboliza a tirania do fundamentalismo islâmico, e encolher os ombros, fazendo de conta que não é nada connosco, é algo de que nos devemos envergonhar. As diferenças entre os símbolos religiosos como o crucifixo, o elegante lenço na cabeça, o «kippah» e a burqa estão bem à vista. Um lenço a cobrir a cabeça pode ser um testemunho de fé. Esconder-se, tapando-se de cima a baixo, é um manifesto de submissão. Uma sociedade livre pode aceitar ostentações de escravidão? Por sermos democráticos e ocidentais somos obrigados a permitir manifestos contra o nosso conceito de dignidade humana?
Publicado hoje no Metro. Deixe a sua opinião através do