Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
495
What excites indignation in an individual way of life. - All very individual rules of life excite hostility against him who adopts them; other people feel humiliated by the exceptional treatment he accords himself, as though they were being treated as merely commonplace creatures.
Friedrich Nietzsche, Human, All Too Human: A Book For Free Spirits, translated by R. J. Hollingdale, Cambridge University Press, 1996, p. 180.
Diana Cohen Agrest escreve no jornal argentino La Nación um excelente texto sobre a inveja, cuja leitura aconselho. Da sua análise elegante e acertada deste pecado capital destaco um aspecto. A autora refere três modos de disfarce da inveja e que a tornam socialmente aceitável: os ciúmes, que se justificam porque nos querem roubar o que de mais importante existe neste mundo, e o ressentimento e a indignação, ambos legitimados por causa de um qualquer dano imerecido. O ressentimento tem que ver com a ideia de vingança, e por isso não é em geral bem aceite. Já a indignação, que pela primeira vez vejo associada à inveja, suscita quase sempre a compreensão dos outros. O exemplo dado no artigo é o de uma mulher mais competente que a colega, mas a medíocre é promovida por ser a favorita do chefe. A indignação expressa pela que não foi promovida quase passa por natural. Como se houvesse um «direito à indignação» quando nada justifica que ataquemos os outros por não sermos beneficiados. Pelo contrário, a indignação intensifica a fraca auto-estima escondida na revolta pela injustiça. E da indignação passamos ao narcisismo nada dignificante.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 15-1-10