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Margot Kässmann, de 51 anos, era até há poucos dias bispo de Hanôver e presidente do conselho nacional da Igreja Evangélica, que conta com cerca de 25 milhões de fiéis na Alemanha. Tinha 41 anos quando em 1999 foi nomeada, tornando-se o bispo mais jovem no país. Em Outubro do ano passado chegou ao topo da Igreja Evangélica alemã e fez história ao ser a primeira mulher a ocupar o lugar. Tem quatro filhas, é autora de trinta livros e ganhou notoriedade em 2007 por se ter divorciado do marido, que também fazia parte da Igreja. No dia 20 de Fevereiro, Margot Kässmann passou um sinal vermelho e foi parada pela Polícia. Estava embriagada e incapaz de conduzir. Uma análise revelaria que tinha uma quantidade de álcool no sangue três vezes superior à permitida por lei. Enquanto o escândalo fazia correr tinta na imprensa alemã, os membros da Igreja Evangélica alemã reforçavam o seu voto de confiança em Kässmann, lembrando que todos os seres humanos erram, mesmo os que exercem funções religiosas. Quatro dias depois do sucedido, e apesar deste apoio importante, Margot Kässmann decidiu renunciar ao cargo, admitindo estar «chocada por ter cometido um erro tão grave». Apesar de o erro ter apenas resultado numa infracção de trânsito, é certo que Kässmann se tornou um risco para si própria e para os outros no momento em que decidiu sentar-se ao volante naquele estado. Em vez de chamar um táxi, optou por abrir a porta do carro. E aqui reside a sua falha. Num caso idêntico, com um cidadão comum, a questão ficaria resolvida com o pagamento de uma multa e a apreensão da carta de condução. Ora, por que razão há-de ser diferente para o bispo da Igreja Evangélica alemã? Parece, neste caso, haver um entendimento específico do erro por parte da própria Margot Kässmann. Para esta mulher, o que podia ter acontecido por sua responsabilidade é mais devastador que a realidade de só ter passado um sinal vermelho. Um erro deste tipo, cometido por figuras com responsabilidades na comunidade, deve levar à renúncia voluntária ou é uma auto-punição exagerada?
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Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega —
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.
Alberto Caeiro
Brigitte Bardot
... às vezes é preciso voltar ao sítio onde já fomos felizes. Nem que seja para de repente compreendermos que a mais ou menos misteriosa voz média em grego antigo é parecida com um modo verbal em hebraico que exprime a intensidade da acção. Por exemplo, ergazomai significa trabalhar com empenho. Em hebraico, é mais complexo, também mais rudimentar, mas parece haver nesta voz média grega uma preocupação semelhante em fundir o modo como se faz ao que se faz. E depois o prazer de voltar a ouvir que ágathos é bom, mas que áriston é o melhor.