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Por ser muito bonito

por Carla Hilário Quevedo, em 30.03.10

Natureza-morta com fruteira de vidro e vasos, ca. 63-79, fresco da casa de Júlia Felix, Pompeia

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publicado às 18:33

Quanto mais verde pior

por Carla Hilário Quevedo, em 30.03.10

 

Os psicólogos canadianos Nina Mazar e Chen-Bo Zhong (sino-canadiano?) publicaram na Psychological Science os resultados de um estudo curioso. O objectivo era saber se os produtos biológicos tornavam os seus consumidores pessoas melhores. Pois parece que não. Olha a grande surpresa! Não me digam que uma pessoa que só consome produtos bons para o ambiente não é necessariamente uma pessoa melhor? Pode ser ou pode não ser. Mas segundo este estudo, não é mesmo. Naquele grupo de bichos humanos foi observada uma espécie de mecanismo de compensação a funcionar do seguinte modo. Os que compravam produtos biológicos tinham uma tendência mais acentuada para mentir, roubar e ser malcriado que os outros consumidores de produtos não especialmente ecológicos. Os primeiros, como já tinham dado para o peditório do bem (comprando iogurtes de soja e lâmpadas economizadoras de energia eléctrica), davam a si próprios uma folga para fazer asneira. Parece que havia uma ideia inocente de que os amantes da ecologia eram sempre pessoas mais bondosas e preocupadas que o resto dos comuns dos mortais. Graças a este estudo, podemos por fim descontrair. Não é pelo amor ao planeta que vamos lá.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 26-3-10

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publicado às 18:09

A pensar nos leitores

por Carla Hilário Quevedo, em 30.03.10

Daisy Goodwin, membro do júri do prémio Orange, atribuído a obras de mulheres romancistas e escritoras revelação, reclamou publicamente da falta de humor nos textos apresentados este ano. Goodwin contou que dos 129 livros de ficção a concurso, grande parte começa com uma cena de violação, noutros contam histórias de «irmãs asiáticas», e que o simples prazer do leitor parece ter sido esquecido pelos editores. Como era esperado, Goodwin foi atacada por ser um membro do júri a falar mal de mulheres num concurso em que se premeiam mulheres. Mas e se forem todas umas chatas? Ou melhor: se uma das condições do Orange é premiar grandes livros, capazes de estimular os leitores, Goodwin tem razão em apontar a falta de graça como uma falha grave. É certo que há diferenças evidentes entre livros chatos e livros sérios. E entre livros chatos, sérios e bons. Mas é também certo que os grandes livros nunca são chatos embora sejam sempre sérios. Mesmo que tenham muita graça. Podem agora dizer que depende de quem os lê. Pois é capaz. Seja como for, estou do lado de Daisy Goodwin. Quem não poupar os leitores a folhetins pessoais amargurados não merece nenhum prémio.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 26-3-10 

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publicado às 18:02

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 30.03.10

Anna Karina

 

... ontem, à espera do penúltimo episódio de Dexter, vi uns minutos da entrevista de Mário Crespo a Ângelo Correia. Estava naquele estado em que olhava mais que ouvia, quando despertei com a seguinte observação de Ângelo Correia à proposta formal de Mário Crespo de, se lhe permitisse, gostaria de lhe fazer mais uma pergunta. "Pode fazer as perguntas que quiser", respondeu o simpático Ângelo. Pena que Mário Crespo não tenha começado a perguntar coisas de resposta difícil ou demorada. É que dito assim - faça as perguntas que quiser - lembrou-me o Humpty Dumpty, que diz à Alice que é capaz de explicar todos os poemas que existem e mais uma grande parte dos que ainda não foram inventados. Como a resposta é sempre o que quer que seja, não importa a pergunta que é feita. Por isso todas as perguntas podem ser feitas. Alguma resposta, seja ela qual for, hão-de ter. Ou seja: a todas as perguntas correspondem todas as respostas, que é como quem diz, nenhuma. Isto é parecido com fazer perguntas a um oráculo. A Mary Beard escreve um artigo tão bom no TLS a falar deles. Há registos de pessoas que perguntavam o seguinte: "Fui envenenado?". E cinco em cada dez oráculos respondiam que sim.

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publicado às 08:40

Coisas que melhoram algumas vidas (124)

por Carla Hilário Quevedo, em 28.03.10

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publicado às 18:15

Destaques

por Carla Hilário Quevedo, em 28.03.10

A Douta Ignorância Câmara dos Lordes

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publicado às 18:10

Uns sobre outros

por Carla Hilário Quevedo, em 28.03.10

The thing of it is, Lieutenant... Jimmy McNulty, when he ain't policing he's a picture postcard of a drunken, self-destructive fuck-up. And when he is policing... he's pretty much the same motherfucker. But on a good case, he runnin' in front of the pack. That's as close as the man comes to bein' right. William 'Bunk' Moreland sobre James 'Jimmy' McNulty, no oitavo episódio da segunda temporada de The Wire.

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publicado às 18:07

(Do que não desilude)

por Carla Hilário Quevedo, em 28.03.10

Só a Natureza é divina, e ela não é divina...

 

Se falo dela como de um ente

É que para falar dela preciso usar da linguagem dos homens

Que dá personalidade às coisas,

E impõe nome às coisas.

 

Mas as coisas não têm nome nem personalidade:

Existem, e o céu é grande e a terra larga,

E o nosso coração do tamanho de um punho fechado...

 

Bendito seja eu por tudo quanto não sei.

Gozo tudo isso como quem sabe que há o Sol.

 

Alberto Caeiro

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publicado às 18:02

Fora de controlo

por Carla Hilário Quevedo, em 28.03.10

Escrevi este texto no dia anterior à notícia do The New York Times sobre o alegado encobrimento do então Cardeal Joseph Ratzinger de um padre pedófilo, numa escola de crianças com deficiência no Wisconsin. Ontem, saiu no mesmo jornal mais uma notícia que Ratzinger, ainda Cardeal, teria fechado os olhos a outro caso, desta vez de um sacerdote pedófilo na Alemanha. É com toda a franqueza que vos digo que estou chocada com o que está a vir a público. Se me julgam ingénua por isso, paciência. É bom ser capaz de conservar uma dose de ingenuidade, mesmo que o mundo insista em surpreender-nos com o pior. As duas notícias foram entretanto desmentidas pelo Vaticano. Mas e os documentos apresentados pelo jornal? Esta questão é demasiado grave para não se investigar a fundo. O envolvimento do Papa Bento XVI, a ser confirmado, será das notícias mais graves de que tenho memória, e que terá consequências para a Igreja. No meu caso, que me sentia mais próxima, após anos de afastamento e crise, recebo tudo isto com tristeza. Li ainda que um cardeal poruguês, José Saraiva Martins, afirmou que a Igreja, como qualquer família, "não lava a roupa suja em público". Infelizmente, parece que ao longo dos anos, também não se terá preocupado muito em lavar a tal "roupa suja" - maneira medonha de se referir a casos de crianças abusadas - em privado. Espero, por muitas razões, que Ratzinger não esteja envolvido nisto. Mas, se estiver, vou ficar, como muitos, de coração partido. 

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publicado às 12:18

Portrait of a Lady

por Carla Hilário Quevedo, em 26.03.10
Paolo Uccello, Ritratto di donna, 1450,

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publicado às 18:12

Rádio Blogue: Igreja Católica e pedofilia

por Carla Hilário Quevedo, em 26.03.10

Sabemos que a pedofilia não é um crime exclusivo de nenhuma religião. Sabemos ainda que a pedofilia não é um problema grave apenas existente na Igreja Católica. Sabemos por fim que o Papa Bento XVI condenou com palavras duras os abusos sexuais a crianças à guarda de sacerdotes religiosos e pediu desculpa às vítimas. Feitas as necessárias ressalvas, os casos de pedofilia no sacerdócio católico e o seu encobrimento por membros eclesiásticos são uma infâmia. A vergonha e a consternação do Papa Bento XVI, bem como dos fiéis conscientes da gravidade do problema com que se debatem, são plenamente justificadas. Mas isto não é suficiente. Perante os casos que têm vindo a público na Irlanda, que levaram à recente demissão do bispo John Magee, no Brasil, na Suíça, na Áustria, na Holanda, na Alemanha e nos Estados Unidos, a atitude condenatória do Papa, apesar de corajosa, parece ainda demasiado branda aos olhos da opinião pública. É provável que Ratzinger tenha sido duro internamente e não duvido do seu desejo em erradicar da Igreja os padres pedófilos e os seus cúmplices. Mas precisamos de ver mais. Na carta pastoral enviada aos católicos da Irlanda sobre a questão dos abusos sexuais, o Santo Padre manifestou vergonha e desolação pelos actos cometidos, e afirmou partilhar do «sentimento de traição que tantos sentiram ao tomar conhecimento desses actos pecaminosos e criminosos e da forma como as autoridades eclesiásticas na Irlanda lidaram com eles». O Papa Bento XVI referiu ainda o «grande dano perpetrado à Igreja e a percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa». Aqueles que se escudaram numa mensagem de bondade e abusaram da confiança da comunidade para cometer crimes hediondos também agiram contra os padres bons, que educaram tantas crianças com dignidade e respeito. O Papa Bento XVI deve punir de modo exemplar e publicamente os padres envolvidos em casos de abusos sexuais? A Igreja Católica pode recuperar deste escândalo?

 

Publicado hoje no Metro. Deixe a sua opinião através do 21 351 05 90 ou no Jazza-me Muito. Os comentários que chegarem até quinta-feira, dia 1 de Abril, às 16h, vão para o ar na Rádio Europa na sexta, dia 2, às 10h35. 

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publicado às 18:00

...

por Carla Hilário Quevedo, em 23.03.10

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publicado às 16:54

9:32

por Carla Hilário Quevedo, em 23.03.10

 

A imprensa especializada e outra nem por isso andam a anunciar o novo vídeo de Lady Gaga e Beyoncé como se as duas nunca se tivessem visto mais magras. É certo que a memória não é o forte dos nossos tempos mas ainda há uns meses Beyoncé convidava Gaga para colaborar num teledisco de soft porno chamado Video Phone. Agora é Lady Gaga que convida Beyoncé para um Telephone com nove minutos e trinta e dois segundos. O resultado é um anúncio a tudo e mais alguma coisa. Desde as latas de Coca-Cola Light a fazer de rolos no cabelo de Gaga, vestidos, óculos, lingerie bem gira aos três minutos e tal, hambúrgueres, computadores, um modelo de telemóvel da LG, e mais o Pussy Wagon de Kill Bill, tudo neste vídeo grita por «compra! compra! compra!». Não é o envenenamento colectivo no diner que interessa, nem os diálogos entre B. e G. no Pussy Wagon, uma boa paródia a Tarantino, nem os beijos... beijos? Queremos as botas! Interessa no vídeo a quantidade de tralha gira que por ali se apresenta em poucos minutos e torna o resto secundário. Música? Se quero ouvir música tenho Cole Porter, obrigada. Este vídeo é para ir às compras.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 19-3-10

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publicado às 16:51

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 23.03.10

Monica Vitti

 

... é oficial: em Portugal não se pode dizer nada. Manuela Ferreira Leite - snif, saudades... - teve a distinta lata de pedir aos militantes do PSD que não se deixassem levar pelos atributos físicos dos candidatos à liderança do partido. Que esquecessem alturas, larguras, cabelos e faltas dele. Pronto, foi logo acusada de tudo e mais alguma coisa. Não pode fazer um simples comentário óbvio mas com graça e tem logo o país à perna. Portugal é um chato.

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publicado às 09:24

Um beijinho de parabéns

por Carla Hilário Quevedo, em 22.03.10

 

Turning 80 years old today is Stephen Sondheim, possibly the most famous living writer of songs for musical theatre. Happy birthday!

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publicado às 20:47

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