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Sempre gostei da festa pagã do Dia das Mentiras. Mas isso era dantes. Numa época em que a mentira não estava banalizada, em que mentir era uma festa e tinha o significado doce e infantil de 'pregar petas'. Nessa altura era giro. Agora toda a gente mente com quantos dentes tem na boca. E têm sempre os dentes todos! Assim não vale. Não tarda temos a extravagância do Dia da Verdade.
Anna Karina
... gostei muito de uma cena de The Wire, ainda na terceira temporada, em que o grupo de McNulty, Bunk e outros se despede de um colega detective, Cole, da seguinte maneira: num bar irlandês, colocaram o corpo do homem fardado em cima da mesa de bilhar e depois beberam e brindaram à sua memória, choraram baba e ranho, contaram histórias sobre ele e disseram que nem era um detective brilhante, mas que em mil e novecentos e troca o passo tinha resolvido dois ou três casos complicados. Por fim cantaram uma canção irlandesa e o episódio acabou. Há-de ter havido uma altura em que os velórios eram assim. Tenho uma vaga memória do que não vivi: de uma época em que as pessoas morriam e era normal. De resto, está um dia lindíssimo.