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Concentra-te, e serás sereno e forte;
Mas concentra-te fora de ti mesmo.
Não sê mais para ti que o pedestal
No qual ergas a estátua do teu ser.
Tudo mais empobrece, porque é pobre.
Ricardo Reis
Brigitte Bardot
... um dos aspectos desgradáveis desta crise foi ter obrigado os portugueses a falar de dinheiro. Mas já que o tema nos escolheu a nós, então que seja discutido com seriedade e rigor. Antes de mais, há que abolir a expressão «cortes simbólicos». Nada na poupança é simbólico, como bem saberá Belmiro de Azevedo. Desde as flores em São Bento - 60 mil euros em flores é uma piada parecida à dos três laptops para os deputados - às fundações, tudo conta. Esta notícia do DN apresenta uma solução sensata de redução de custos, que não implica chatear o contribuinte mais aflito. Estes últimos dias têm sido estimulantes deste ponto de vista. Como está tudo muito cansado disto, e ninguém percebe porque é que há medidas de austeridade «inevitáveis» que penalizam fortemente os que menos têm, é hora de reagir. E apresentar novas contas publicamente é a maneira mais eficaz de o fazer. O primeiro partido que elabore um plano alternativo decente, com as contas bem feitas e rigorosamente justificadas, vai ganhar muitos votos. Mudando de assunto, ou nem tanto, esta fotografia, tirada à socapa e twittada, faz lembrar um quadro do Hogarth que gostava de ver um dia.
Gostei muito e não percebi metade. Legendas precisam-se!
Ava Gardner (bem acompanhada)
... ficou decidido ontem ao almoço que a salvação financeira do país passa pelas seguintes medidas a aplicar asap: a primeira diz respeito a estes salários, que devem ser reduzidos e taxados a 45% ou 50%; em seguida, não há terceiros - terceiros - laptops para ninguém, senhores deputados (até hoje acho que esta é uma notícia de 1 de Abril fora de época); em terceiro lugar, para combater o desperdício, é favor ler o artigo da Helena Matos, de quinta-feira, no Público, e o de ontem de VPV (29 mil viaturas? doze motoristas só para o PM?); entretanto, há que suspender as grandes obras públicas por um período de dois anos; só depois disto, se não chegar, chatear os contribuintes, taxando em dez por cento os salários acima dos dois mil euros de todos os funcionários públicos (pensionistas, etc.), e suspendendo o décimo terceiro mês ou o subsídio de férias - duas medidas a rever daqui a dois anos. Sobre outras questões, teremos de reflectir no próximo almoço. De nada.
Todos os que passaram pela adolescência sabem que é uma época um bocado parva da vida. As certezas absolutas de tudo, a impaciência com os mais novos, os mais velhos e os da mesma idade, e a revolta de ainda não ser adulto para poder fazer o que muito bem quer são algumas das características de um adolescente típico e de adultos que realmente nunca cresceram. Aos 16 anos quase tudo é um problema sem solução à vista, e os excessos tomam conta do crescimento, sobretudo numa fase em que tudo é um exagero. Mas há descontrolos mais nocivos que outros. Um estudo da Deco revelou que mais de metade dos jovens entre os 12 e os 15 anos que tentaram comprar bebidas alcoólicas conseguiram fazê-lo, apesar de a lei actual proibir a venda de bebidas alcoólicas a menores de 16 anos. Segundo uma notícia no Público, a Deco esclareceu que «entre 78 cafés e pastelarias, restaurantes de fast food e super e hipermercados visitados, foi mais fácil obter a bebida nestes últimos estabelecimentos». O estudo é útil, não só porque vem confirmar uma tendência observada em bares de adolescentes, mas também porque aponta outros locais onde as autoridades deverão intervir. A ASAE existe também para fiscalizar os bares onde se vendem shots de vodka a rapazes e raparigas que não têm idade para consumir uma única bebida, quanto mais várias de uma vez. Ainda segundo a mesma notícia, um estudo realizado há três anos pela Universidade Nova de Lisboa para o Instituto da Droga e da Toxicodependência revelava que quase nove por cento dos adolescentes entre os 16 e os 17 anos consomem cinco bebidas numa única ocasião. O hábito é repetido três a cinco vezes por mês. As consequências do abuso de consumo de álcool na adolescência são muito graves. Cerca de quarenta por cento dos jovens que morrem em acidentes de viação apresentavam álcool no sangue. E há outras sequelas. João Goulão, presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência alerta para o aparecimento de jovens abaixo dos 30 anos com cirroses. Os adolescentes hoje bebem mais? Como se combate este problema?
Publicado hoje no Metro. Deixe a sua opinião através do 21 351 05 90 ou no Jazza-me Muito. Os comentários que chegarem até quinta-feira, dia 3 de Junho, às 15h, vão para o ar na Rádio Europa na sexta, dia 4, às 10h35.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 21-5-10
(Obrigada, Zé Dioguinho!)
Joan Crawford
... numa singela homenagem à fauna que habita na árvore que mencionei ontem. Não vou entrar em pormenores, mas imaginem qualquer coisa visual e auditiva muito bonita. Já a instabilidade deste clima dos dois últimos dias atrai-me menos. Há pessoas que apreciam a incerteza meteorológica. Não está calor, mas também não está a chover. Está ligeiramente nublado, mas o sol até espreita de vez em quando. Ver o lado positivo às vezes é um bocado irritante. Porque nunca é positivo que chegue. Quero dizer que não basta não chover ou não fazer frio para animar esta pobre alma, que espera sentada por dias de calor definitivo. Temos muito tempo para o clima civilizado.