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The Bedwetter: Stories of Courage, Redemption and Pee é o título da autobiografia da comediante norte-americana Sarah Silverman. Publicar uma autobiografia aos 39 anos de idade parece uma excentricidade adequada aos nossos tempos velozes. Mas não será cedo? Talvez não tanto quando pouco sabemos sobre a vida de Silverman, à excepção do onomasticamente visível: Sarah é judia. Num artigo elogioso no Guardian, Paul Harris explica que ser uma judia bonita tem salvo Silverman de vários sarilhos. A explicação é paternalista mas não deixa de ter uma certa razão. Mas além de pertencer às minorias judaicas e femininas referidas, Silverman é inteligente e destemida. Se é certo que a comédia é uma profissão de risco, Sarah tem levado o exercício da sua actividade humorística a um limite selvagem. Piadas duras e hilariantes sobre sexo e religião fazem parte do seu repertório. Segundo explica na autobiografia, ter feito chichi na cama até muito tarde, passando por momentos embaraçosos, acabou por lhe dar a coragem de que precisava. A libertação pelo trauma não é uma teoria original, mas funciona bem para a legião de fãs, que até agradece descrições autobio-escatológicas.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 14-5-10
Uma plataforma de petróleo explodiu no Golfo do México. Como é infelizmente habitual, imagens de pássaros ensopados pela mancha de crude correram mundo. Até ler um artigo na Popular Mechanics que explica como se limpa o crude destes animais aflitos julgava que não tinham a menor hipótese de sobreviver. Mas têm. Só se não sabe cumprir esta tarefa, mais vale ficar em casa. A intervenção na acção de risco é restrita aos especialistas. A bicharada voadora marítima é antes de mais retirada para um local seguro. Antes de serem lavados, e porque estão em choque, os pássaros têm de ser acalmados e hidratados. Só passados cinco dias vão ao banho. São precisas duas pessoas para dar um banho de espuma aos bichos e para os ir mudando de banheira à medida que a água vai ficando suja. As asas têm de ser lavadas com a pressão de água certa e depois secas cuidadosamente com toalhas e cotonetes. O pior vem depois. Os veterinários dizem que as vítimas destes desastres ambientais podem demorar meses até serem devolvidos ao seu habitat. Alguns passam a viver em cativeiro. Deve ser como sobreviver a um tremor de terra. Quem é que depois fica sossegado em casa?
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 14-5-10