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Há dois momentos na vida em que homens e mulheres desvairam. O primeiro acontece com o aparecimento dos raios de sol, por volta de meados de Abril ou no princípio de Maio. A mais um Inverno demasiado longo e frio, em que todas as partes do corpo viveram escondidas e sossegadas, sucede o momento do choque e espanto a experimentar um biquíni de praia ou umas calças levezinhas. Há gordura onde antes havia formosura e há barriga onde antes parecia estar tudo bem. A preocupação com o corpo não é exclusiva das mulheres. Nos últimos anos, as melhores marcas de cosmética têm propagado a ideia de que os homens também se preocupam com a sua imagem. A tese pode parecer paranóica. Mas a actividade publicitária não consiste precisamente em criar necessidades em mercados desinteressados? Porém, a preocupação masculina com o corpo não é uma novidade. Por volta de meados de Abril ou no princípio de Maio lá estão eles e elas a correr na passadeira, aflitos por abater os excessos invernosos. Os ginásios, quase vazios até à Primavera, de repente ganham vida. Há que voltar a poder caber naquelas calças e vestir um biquíni com dignidade, e assim atenuar a insegurança sazonal. Depois há-de vir o sol que bronzeia e também esconde. E nadar faz tão bem às pernas e à saúde. No Verão, a maior parte dos ginásios fecha, o que é bem-vindo nos casos raros dos clientes que os frequentam no mínimo quatro vezes por semana e assim descansam. Os outros não querem saber. A segunda época de desvario acontece depois dos cinquenta anos. Além do físico cada vez menos prodigioso, os efeitos da lei da gravidade começam a angustiar homens e mulheres. Cantores, actores e figuras que vivem da imagem parecem querer recuperar o irreparável através de intervenções cirúrgicas invasivas. Assim, rumores de que Madonna pode gastar 200 mil dólares a retocar a cara não surpreendem muita gente. As operações plásticas e os ditos retoques são já um hábito nos nossos dias? A que se deve esta obsessão generalizada com a imagem?
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Uma Thurman
... ora, três coisas, além da habitual menção ao glorioso dia de sol que teve o seu início há umas horas: estou francamente entusiasmada com o Mundial. Não aprecio futebol, não percebo nada dos jogadores, até hoje mal distingo um canto de um fora de jogo; mas ter países a jogar uns contra os outros é estimulante. É nesta altura que o futebol deixa de ser um coisa de bairro, da maçada infinda do Benfica, para ser uma competição de todos. Tenciono seguir alguns jogos, embora não prometa vê-los do princípio ao fim. Se tenho uma vuvuzela? Pois claro que tenho uma vuvuzela! A segunda coisa diz respeito a esta história medonha do taxista inglês que se passou de automóvel e arma na mão. Dizem que Birdy era um homem sossegado, e que tinha uma dívida tremenda ao fisco. Um dia discutiu com os colegas e matou um, a seguir matou mais dois que estavam ali ao pé e depois - e esta é minha versão dos factos - achou que não tinha nada a perder. Esta característica - achar que não se tem nada a perder - é observada em sociopatas. Felizmente, nem todos os sociopatas são assassinos. Quanto à terceira e última coisa: o que Israel cometeu foi um erro militar, como referiu um militar, precisamente, convidado de um noticiário a comentar esta questão da flotilha. Parece que a abordagem ao barco, feita daquela forma, é sempre perigosa. Foi uma operação mal feita, disto parece não haver dúvidas. Mas era só o que faltava cair na armadilha de condenar Israel e ver-me de repente ao lado de Ângelo Correia ou do Hamas. Um shalom shabbat para vocês também.