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O bebé de Ronaldo, o fim do 24 Horas e a Playboy

por Carla Hilário Quevedo, em 09.07.10

A silly season este ano começa com a notícia do nascimento do filho de Cristiano Ronaldo, divulgada pelo próprio no Facebook. O tema levou revistas e jornais portugueses a fazer um dos mais brutais títulos de sempre: «Ronaldo paga para ser pai». Doze milhões de euros terá sido o preço do silêncio da mãe do bebé, segundo avança o The Sun. Nas caixas de comentários online multiplicam-se as observações de surpresa e condenação pela opção do jogador. Segundo anuncia o Correio da Manhã, o recurso à barriga de aluguer seria uma maneira de não ser chantageado. Outra notícia recente no mesmo jornal dá conta do desejo de há muito do jogador de ser pai, o que o teria levado a uma clínica na Florida. O recurso à barriga de aluguer, o montante envolvido na transacção, a decisão de ter um filho desta forma e não de outras tantas, incluindo a adopção, são temas que merecem um debate rigoroso. No entanto, o caso está contaminado pelo protagonista. É correcto mandar vir ao mundo uma criança para satisfazer um desejo exclusivamente individual? Esta notícia não chegou a ser dada pelo jornal 24 Horas, que fechou portas a 30 de Junho. O encerramento do 24 Horas é, quanto a mim, uma péssima notícia para a imprensa em Portugal. E isto precisamente porque era um tablóide, sensacionalista e desenfreado como não é tradição em Portugal. A liberdade de imprensa é um valor fundamental no desenvolvimento de uma democracia saudável. Sem esta possibilidade de intervenção jornalística descomprometida ficamos mais pobres. A liberdade de imprensa em Portugal está ameaçada por interesses económicos? Em risco de fechar está também a edição portuguesa da revista Playboy, tudo porque a edição de Julho mostra na capa um Jesus Cristo a segurar numa mulher nua. A homenagem a José Saramago terá sido mal recebida pela Playboy Enterprises, Inc, que, tal como o nome indica, tem uma linha editorial bem definida, que consiste em ganhar milhões à custa da publicação de fotografias de mamas e rabos femininos. Capas com homens ou com alusões à religião não são boas para o negócio. A Playboy é uma publicação moralista?

 

Publicado hoje no Metro. Deixe a sua opinião através do 21 351 05 90   ou no Jazza-me Muito. Os comentários que chegarem até quinta-feira, dia 15 de Julho, às 15h, vão para o ar na Rádio Europa na sexta, dia 16, às 10h35.

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publicado às 17:45