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"(...) a Aquiles, o filho de Tétis, testemunharam o seu apreço enviando-o para as ilhas dos Bem-Aventurados, e eis porquê: embora prevenido por sua mãe de que o esperava a morte, se matasse Heitor, e de que, em caso contrário, havia de regressar à sua terra e acabar os seus dias na velhice, optou sem hesitação por ir em socorro do seu amante Pátroclo e vingá-lo; ou seja, não apenas escolheu morrer por ele como também segui-lo na morte. Daí que os deuses, tocados pela mais funda admiração, o tenham honrado de uma forma tão especial, correspondendo ao elevado apreço que aquele mostrara pelo seu amante."
Platão, O banquete, 179e-180a, tradução de Maria Teresa Schiappa de Azevedo, Edições 70, Lisboa, 1991, p. 38
"Homero representa a Aquiles vingando Pátroclo de maneira gloriosa, não por ser o seu favorito, mas por ser companheiro de armas. E Orestes e Pílades, tal como Teseu e Pirítoo, e muitos outros semi-deuses famosos, não são celebrados em muitos poemas por terem dormido juntos, mas porque unidos por uma admiração mútua levaram a cabo, em conjunto, grandes e belos feitos."
Xenofonte, Banquete, 8.31, tradução de Ana Elias Pinheiro, Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, Coimbra, 2008, p. 78.
Concordo com Xenofonte. A relação entre Aquiles e Pátroclo, segundo a minha leitura da Ilíada, é parecida com a de Denny Crane e Alan Shore, respectivamente. Talvez assim se perceba melhor.
Ryan Singel pergunta na Wired se as pessoas estão saturadas do Facebook. O motivo é o decréscimo significativo da abertura de novas contas no mês de Junho. Os números impressionam. Em Maio deste ano, o Facebook nos Estados Unidos ganhou 7,8 milhões de novos utilizadores. Em Junho, apenas 320 mil. Tendo em conta as falhas graves de privacidade do sistema e o alegado aproveitamento dos dados dos utilizadores para fins comerciais, não admira que o interesse no Facebook tenha diminuído. Mas a possibilidade avançada por Singel que me parece mais credível é a seguinte: quem mais pode estar no Facebook quando o mundo inteiro já está no Facebook? O fenómeno está longe de se restringir ao outro lado do Atlântico. A vida social online é hoje em dia uma realidade. Julgo, no entanto, que pouco mudou no essencial. Cada um utiliza as novas tecnologias como entende, e há sempre quem o faça sem correr riscos desnecessários. Não existem novos mundos no computador onde as pessoas se transformam numa espécie de espectros cibernéticos. Importa perceber o uso que cada um faz das redes sociais e dos novos meios de comunicação. O problema não é o Facebook.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 16-7-10