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No ano passado apareceu a ideia revolucionária na escola básica de Lagoa Negra, em Barcelos, de separar 17 crianças de etnia cigana dos restantes alunos. O projecto considerado pela responsável da DREN como sendo de «discriminação positiva» deu muito que falar na altura. O projecto foi contestado pelos partidos de esquerda e por muitos comentadores porque se baseava numa ideia de segregação. Apesar das dificuldades de integração destas crianças, não as integrar numa sala de aula normal poderia levar a um afastamento ainda maior da comunidade. Sem contestar a bondade das intenções, a ideia era pouco clara, além de não garantir uma maior aprendizagem por parte dos alunos «excluídos», ou numa linguagem mais politicamente correcta, «protegidos». Surge agora uma nova polémica com a comunidade cigana no Bairro das Pedreiras, em Beja. O problema é antigo mas volta a estar na ordem do dia por causa de uma queixa em Bruxelas por parte de uma organização não-governamental que acusa a Câmara de Beja de segregar a comunidade. O muro de betão construído em torno do bairro e as condições «deploráveis» em que estas pessoas vivem mereceram a atenção do bispo de Beja. D. Vitalino Dantas acusa os responsáveis governamentais de terem arranjado uma solução «muito primária e feita a correr» para realojar uma comunidade que vivia num bairro de lata. Também a alta-comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rosário Farmhouse, manifestou o seu desagrado quanto à existência do muro, dizendo que «todas as soluções que acabem na criação de guetos não são soluções felizes». As razões para a construção do muro de betão foram dadas pela ex-vereadora da Câmara de Beja. A segurança dos moradores terá sido o motivo principal para tão polémica construção. Maria Manuel Coelho terá explicado numa carta ao Público que o muro foi construído para proteger as pessoas «da circulação intensa de camiões na estrada que passava junto às casas». O Estado português tem legitimidade para segregar pessoas? Os vizinhos toleram as comunidades de difícil integração, desde que vivam em guetos? Como se soluciona este problema?
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... em várias das centenas de entrevistas dadas por Jorge Luis Borges, sobre a confusão que era costume fazer-se com o seu nome, deixo aqui um excerto de uma entrevista televisiva, em que faz uma distinção entre amizade e amor.