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O site Big Questions Online abriu há menos de um mês e recomenda-se. Nele podemos encontrar artigos de fundo sobre religião, moral e ciência, críticas de livros e textos de opinião acerca dos grandes temas da actualidade. Christine Rosen escreveu sobre os males que a reality tv nos estará a fazer. A quantidade de reality shows na América e mesmo em Inglaterra aumenta de dia para dia. A casa do Big Brother parece uma brincadeira de crianças quando comparada ao The Biggest Loser, em que ganha quem perde mais peso, ou o Real Housewives of D.C., que segue o quotidiano das donas de casa realmente desesperadas de Atlanta ou Nova Jérsia. Este aumento está relacionado com o interesse cada vez maior dos espectadores pela vida alheia absolutamente construída mas que insistem em reconhecer como «privada». Em vez de actores profissionais vemos anónimos a viver à frente das câmaras como se os programas não fossem editados e não houvesse uma história que tem de ser contada todos os dias. É certo que o formato promove uma confusão entre ficção e realidade e assim desperta a curiosidade. A realidade real destes programas é esta: o nosso voyeurismo.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 13-8-10
Kate Moss (acompanhada de Jason Wu, Alexander Wang, Alexis Mabille, Lara Stone, Carlotta Danti, Samuel Francois. Fotografia de Bruce Weber)
... isto que escrevi há dias levou-me a isto que escrevi há anos. É uma posição difícil de explicar esta de gostar por defeito. É mais gostar por inércia ou por passividade, o que parece contrariar a própria ideia de gostar. Há aqui uma complicação por resolver. Como podemos gostar de pessoas sem as conhecer? Encolhendo os ombros e dizendo: «São só pessoas». Não estou a falar de casos-limite: assassinos, pedófilos ou gente que come com a faca e diz «a nível de». Falo de «pessoas como nós», seres humanos habitantes do planeta, que não pediram para cá estar. Ainda têm de suportar o «não gosto» dos seus semelhantes? Porquê? É certo que gostar de toda a gente implica não gostar de ninguém, mas não é isto que interessa para aqui. Estou a falar de uma atitude mais frívola ou mais cool ou mais distanciada. Como se esta maneira de gostar fosse uma saudação: um «happy to be here» quotidiano. E depois logo passamos às alegrias e às dores de nos conhecermos uns aos outros. Mas até que se chegue a não gostar há um caminho a fazer.