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Só se fosse este Terry Jones

por Carla Hilário Quevedo, em 21.09.10

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publicado às 19:24

YouIdiot

por Carla Hilário Quevedo, em 21.09.10

A liberdade de expressão, mais que privilégio da democracia, é seu sinónimo. No mundo civilizado, somos livres de dizer o que bem entendemos. Muito diferente, no entanto, é a relevância do contributo de cada um para o debate. A liberdade de falar não garante a entrada em qualquer conversa. E algumas duram há séculos. O jogo do que conta para a discussão é felizmente mais complexo e exigente. O anónimo pastor evangélico Terry Jones descarregou um vídeo no YouTube, em que prometia queimar o Alcorão no dia 11 de Setembro. A imprensa chamou a atenção para o vídeo, Hillary Clinton entrou publicamente em pânico, Barack Obama falou preocupado sobre o tema e o pastor adormeceu na sua casinha em Gainesville, na Florida, convencido de que a sua opinião importava para a longa conversa sobre fundamentalismo. Dizer disparates no YouTube não é sequer um candidato a contributo para o debate. É, por isso, preocupante que a comunicação social tenha dado tanta atenção ao caso. Por causa da confusão útil entre liberdade de expressão e mérito, o pastor passou de curiosidade a acontecimento. Terry Jones é livre de queimar os livros que quiser. Precisamente porque não conta.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 17-9-10

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publicado às 19:17