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John Adams baseia-se no livro homónimo, e vencedor do Prémio Pulitzer, de David McCullough. A série televisiva, que a Fox Next está a transmitir, ganhou oito Emmy em 24 nomeações. Como se nada disto bastasse, se tivesse eu própria de dar um prémio, entregá-lo-ia a esta grande série sem hesitar. Lembro-me de ver Paul Giamatti a receber um Emmy e a afirmar que nos Estados Unidos qualquer um podia ser presidente. George W. Bush estava ainda no exercício das suas funções. Li algures que a única crítica feita à série na América teve que ver com a representação pouco fiel de Paul Giamatti do carácter autoritário e intransigente de John Adams. Mais elegante, Simon Schama descreve-o como «um unitário com temperamento calvinista». Infidelidades à parte, esta é uma série de televisão baseada numa biografia que nunca pretendeu ser uma obra académica. Podemos, no entanto, desfrutar das personalidades dos grandes homens que fizeram da América um grande país, como Thomas Jefferson ou Benjamin Franklin. Mas a minha preferida é a extraordinária mulher de Adams, Abigail. A família, além de participar na fundação do país, dar-lhe-ia dois presidentes. Nada mau.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 15-10-10
"O empenho em ocupações vis evidencia em si mesmo, no esforço que dispensa a essas inutilidades, indiferença pelo que é nobre."
Vidas Paralelas - Péricles e Fábio Máximo, tradução de Ana Maria Guedes Ferreira e Ália Rosa Conceição Rodrigues, Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos: Coimbra, 2010, p. 55.
Portugal também é o que vemos na reportagem sobre a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. A partir dos 16 minutos.
Audrey Hepburn
... ora, muito bom dia! Só perguntas difíceis para um tema complicado; afinal, perguntas que o tema merece. Quando descrevi o cenário que destaca a Helena Sacadura Cabral, fiquei a remoer que é raro encontrá-lo em Portugal, daí uns dias depois ter acordado (embora não fisicamente) noutro país. Mas antes de chegar a uma possível resposta às perguntas colocadas, gostaria de dizer que 'merecer o que nos acontece' é uma ideia, para mim, muito difícil de entender. (Se 'acontece', como pode ser 'merecido'?) A pergunta costuma ser: 'e o que fiz eu para merecer uma coisa destas?'. Normalmente a pergunta (de desespero) reflecte a má situação em que nos vemos metidos. A conclusão habitualmente é: 'não fiz nada'. E é verdade que estamos inocentes. Falo de um modo geral em relação a adversidades impensáveis, embora comuns, da vida. Passemos, então, ao lado prático do merecimento. A promoção da mediocridade só é possível num ambiente medíocre, em que a excelência é invejada, quando devia estar a ser promovida. A promoção da excelência, do óptimo trabalho, do esforço só é possível em ambientes excelentes que, não só reconhecem e valorizam um óptimo trabalho, como o exigem, e premeiam o esforço. Felizmente, em Portugal, não existe só mediocridade: há algumas ilhas no continente. Para ir parar às ilhas boas, é preciso ter sorte. Se o país quer fazer alguma coisa de si próprio (uma ideia um bocado louca, mas não sei dizer melhor), é bom que comece a perceber que para ser competitivo não pode ser doméstico. Não somos todos amigos, nem 'uma grande família'. Somos um país governado há demasiados anos por gente que promoveu a mediocridade, que alardeou ideias falsas de igualdade, quando devia estar a promover activamente o mérito; e que obriga os melhores (alunos, técnicos, profissionais) a procurar trabalho e reconhecimento noutros países. A crise pode ter efeitos positivos em sociedades capazes de se adaptar a novas circunstâncias e mudar depressa a sua maneira de funcionar. Não é o caso de Portugal, que será obrigado a mudar por uma questão de sobrevivência. Só para terminar (isto já vai longo, as minhas desculpas), e porque tenho esperança e sou profundamente optimista (o pessimismo é, aliás, um luxo), julgo que, apesar das dificuldades próprias à sociedade portuguesa, há uma diferença entre o povo e quem o representa. É como se a Assembleia da República (felizmente, com excepções muito boas) se tivesse tornado anacrónica numa sociedade com pessoas interessadas em produzir cada vez melhor. Muitos beijinhos, Helena! Obrigada.