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O anúncio da recandidatura de Cavaco Silva à Presidência da República aconteceu a 26 de Outubro, pelas oito da noite, no Centro Cultural de Belém, tal como Marcelo Rebelo de Sousa noticiara no Jornal Nacional. Embora a candidatura de Cavaco Silva não tenha apanhado ninguém de surpresa, o discurso que apresentou esteve longe do que seria esperado, até por o actual Presidente ter falado durante mais tempo do que é habitual. Cavaco Silva tem dois pontos a seu favor, que o destacam em larga medida dos seus oponentes: um é precisamente a gestão hábil do silêncio ao longo dos anos, e o outro – o mais importante e que faz dele o vencedor provável destas eleições – a empatia que tem com as pessoas. Por isso, perguntas retóricas sobre o valor da sua intervenção discreta em momentos de dificuldade da governação ou promessas incaracterísticas de uma «magistratura activa» que a própria natureza do cargo não permite serem cumpridas, não favoreceram aquele que podia ter sido um começo de campanha irrepreensível. Mas não percamos de vista o aspecto positivo do seu discurso. Cavaco Silva anunciou que fará uma campanha contida nas despesas e que, por isso, não irá recorrer a outdoors. Para compensar a ausência de cartazes nas ruas, o candidato aposta no site oficial e nas redes sociais, como o Facebook, o Twitter e o YouTube, entre outras. A utilização das redes sociais noutras eleições não é novidade, mas o anúncio de que a despesa total da campanha não ultrapassará metade do valor permitido por lei é bom. Segundo noticia o Correio da Manhã, «enquanto Cavaco Silva prevê gastar cerca de 2,1 milhões de euros, Manuel Alegre, o candidato apoiado pelo PS e BE, estima despesas de perto de 1,6 milhões de euros». A reacção do único que até agora colocou outdoors, não se fez esperar. Alegre acusou Cavaco de ser «populista e demagógico» e lembrou que nas últimas eleições poupado foi ele que gastou 849 mil euros. É preciso perguntar a Manuel Alegre o que o leva a gastar o dobro desta vez. A difícil situação financeira do país vai ajudar a moralizar as campanhas políticas? A poupança e a honestidade podem ser consequências inesperadas da crise?
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