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Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 24.10.10

Eva Mendes

 

... tenho passado os dias num segundo andar de uma mina rica e confortável, apesar da falta de instalações sanitárias. Se eu podia ter Internet? Podia, posso e tenho, mas estou com a cabeça noutro tempo. Ainda por cima, quando saio da mina, percebo que está sol e até calor. E o dia só tem 24 horas. Como diz o outro, façam as contas. Só fiquei a pensar que 'homem velho' deu jeito ali, mas não é a melhor tradução para o 'old man' que Wittgenstein chamava a Anscombe. Talvez 'velho' ou 'velhote' sejam mais adequados. Gosto de 'velhinho', mas admito que seria um excesso.  

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publicado às 10:03

Dos Modernos

por Carla Hilário Quevedo, em 22.10.10

Jeff Koons, Popeye, 2003

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publicado às 17:40

Rádio Blogue: Privacidade e liberdade de expressão

por Carla Hilário Quevedo, em 22.10.10

Em Maio do ano passado, Aston Kutcher, marido de Demi Moore, anunciou ao mundo que queria cancelar a sua conta no Twitter por causa de uma proposta de um canal televisivo que pretendia transformar os seus twitts e os seus dois milhões de seguidores num stalking show. A ideia era transformar os seguidores numa espécie de paparazzi das celebridades com presença mais activa no Twitter. Sugerir a dois milhões de pessoas que se ponham a seguir uma única criatura é no mínimo arriscado e assustador. Se uma pessoa que persegue outra pode ser condenada pelo crime, como será de futuro possível responsabilizar judicialmente dezenas ou centenas de pessoas que cometem a mesma ofensa? O programa não passou da proposta, mas o conceito foi desenvolvido pelos autores do Just Spotted. O site pretende dar a conhecer aos visitantes onde param as celebridades. Para isso, conta com a colaboração do Twitter e de sites de Hollywood como o Starpulse. A rede social espalha a informação e os sites que se dedicam a celebridades contribuem com as fotografias tiradas por cidadãos anónimos que avistam figuras mais ou menos conhecidas na rua ou em locais públicos. A novidade do Just Spotted é reunir todas as informações possíveis sobre o paradeiro de uma celebridade numa única página na Internet. Apesar de o fundador do site ter assegurado que os paradeiros das pessoas não são publicados no momento exacto em que as fotografias são tiradas, está criada a oportunidade para se ter o acesso imediato, através de um meio público, à localização de qualquer um. Se na maioria dos casos, esta é uma informação que não interessa a ninguém, pode acontecer que noutros haja riscos. Depende do número de fãs das celebridades. Por outro lado, tirar uma fotografia a uma figura pública num local público não é o mesmo que fotografá-la à socapa num sítio privado. Informar os leitores de um site do paradeiro de Angelina Jolie no dia 19 de Outubro – em Budapeste, aos beijos ao marido – pode ter consequências legais. É por isso importante perceber se o direito à privacidade se sobrepõe ao direito de informar. Mesmo que a informação não seja nem relevante nem interesse a ninguém. O direito à privacidade sobrepõe-se à liberdade de expressão?

 

Publicado hoje no Metro. Deixe a sua opinião através do 21 351 05 90 ou no Jazza-me Muito. Os comentários que chegarem até quinta-feira, dia 28 de Outubro, às 15h, vão para o ar, na Rádio Europa, na sexta, dia 29, às 10h35.

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publicado às 17:30

...

por Carla Hilário Quevedo, em 19.10.10

Francisco de Goya y Lucientes, Mala Noche!, sem data

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publicado às 19:17

A família Adams

por Carla Hilário Quevedo, em 19.10.10

John Adams baseia-se no livro homónimo, e vencedor do Prémio Pulitzer, de David McCullough. A série televisiva, que a Fox Next está a transmitir, ganhou oito Emmy em 24 nomeações. Como se nada disto bastasse, se tivesse eu própria de dar um prémio, entregá-lo-ia a esta grande série sem hesitar. Lembro-me de ver Paul Giamatti a receber um Emmy e a afirmar que nos Estados Unidos qualquer um podia ser presidente. George W. Bush estava ainda no exercício das suas funções. Li algures que a única crítica feita à série na América teve que ver com a representação pouco fiel de Paul Giamatti do carácter autoritário e intransigente de John Adams. Mais elegante, Simon Schama descreve-o como «um unitário com temperamento calvinista». Infidelidades à parte, esta é uma série de televisão baseada numa biografia que nunca pretendeu ser uma obra académica. Podemos, no entanto, desfrutar das personalidades dos grandes homens que fizeram da América um grande país, como Thomas Jefferson ou Benjamin Franklin. Mas a minha preferida é a extraordinária mulher de Adams, Abigail. A família, além de participar na fundação do país, dar-lhe-ia dois presidentes. Nada mau.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 15-10-10

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publicado às 19:05

Destaques

por Carla Hilário Quevedo, em 19.10.10

Atum Macaco Bater com a Cabeça Feira das Vaidades Propaganda Rulote

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publicado às 18:57

Plutarco, a propósito

por Carla Hilário Quevedo, em 19.10.10

"O empenho em ocupações vis evidencia em si mesmo, no esforço que dispensa a essas inutilidades, indiferença pelo que é nobre."

 

Vidas Paralelas - Péricles e Fábio Máximo, tradução de Ana Maria Guedes Ferreira e Ália Rosa Conceição Rodrigues, Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos: Coimbra, 2010, p. 55.

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publicado às 18:54

Uma ilha no Porto

por Carla Hilário Quevedo, em 19.10.10

Portugal também é o que vemos na reportagem sobre a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. A partir dos 16 minutos.

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publicado às 10:42

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 19.10.10

Audrey Hepburn

 

... ora, muito bom dia! Só perguntas difíceis para um tema complicado; afinal, perguntas que o tema merece. Quando descrevi o cenário que destaca a Helena Sacadura Cabral, fiquei a remoer que é raro encontrá-lo em Portugal, daí uns dias depois ter acordado (embora não fisicamente) noutro país. Mas antes de chegar a uma possível resposta às perguntas colocadas, gostaria de dizer que 'merecer o que nos acontece' é uma ideia, para mim, muito difícil de entender. (Se 'acontece', como pode ser 'merecido'?) A pergunta costuma ser: 'e o que fiz eu para merecer uma coisa destas?'. Normalmente a pergunta (de desespero) reflecte a má situação em que nos vemos metidos. A conclusão habitualmente é: 'não fiz nada'. E é verdade que estamos inocentes. Falo de um modo geral em relação a adversidades impensáveis, embora comuns, da vida. Passemos, então, ao lado prático do merecimento. A promoção da mediocridade só é possível num ambiente medíocre, em que a excelência é invejada, quando devia estar a ser promovida. A promoção da excelência, do óptimo trabalho, do esforço só é possível em ambientes excelentes que, não só reconhecem e valorizam um óptimo trabalho, como o exigem, e premeiam o esforço. Felizmente, em Portugal, não existe só mediocridade: há algumas ilhas no continente. Para ir parar às ilhas boas, é preciso ter sorte. Se o país quer fazer alguma coisa de si próprio (uma ideia um bocado louca, mas não sei dizer melhor), é bom que comece a perceber que para ser competitivo não pode ser doméstico. Não somos todos amigos, nem 'uma grande família'. Somos um país governado há demasiados anos por gente que promoveu a mediocridade, que alardeou ideias falsas de igualdade, quando devia estar a promover activamente o mérito; e que obriga os melhores (alunos, técnicos, profissionais) a procurar trabalho e reconhecimento noutros países. A crise pode ter efeitos positivos em sociedades capazes de se adaptar a novas circunstâncias e mudar depressa a sua maneira de funcionar. Não é o caso de Portugal, que será obrigado a mudar por uma questão de sobrevivência. Só para terminar (isto já vai longo, as minhas desculpas), e porque tenho esperança e sou profundamente optimista (o pessimismo é, aliás, um luxo), julgo que, apesar das dificuldades próprias à sociedade portuguesa, há uma diferença entre o povo e quem o representa. É como se a Assembleia da República (felizmente, com excepções muito boas) se tivesse tornado anacrónica numa sociedade com pessoas interessadas em produzir cada vez melhor. Muitos beijinhos, Helena! Obrigada.

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publicado às 08:50

A Character

por Carla Hilário Quevedo, em 17.10.10

by William Wordsworth

 

I marvel how Nature could ever find space
For so many strange contrasts in one human face:
There's thought and no thought, and there's paleness and bloom
And bustle and sluggishness, pleasure and gloom.

There's weakness, and strength both redundant and vain;
Such strength as, if ever affliction and pain
Could pierce through a temper that's soft to disease,
Would be rational peace--a philosopher's ease.

There's indifference, alike when he fails or succeeds,
And attention full ten times as much as there needs;
Pride where there's no envy, there's so much of joy;
And mildness, and spirit both forward and coy.

There's freedom, and sometimes a diffident stare
Of shame scarcely seeming to know that she's there,
There's virtue, the title it surely may claim,
Yet wants heaven knows what to be worthy the name.

This picture from nature may seem to depart,
Yet the Man would at once run away with your heart;
And I for five centuries right gladly would be
Such an odd such a kind happy creature as he.

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publicado às 10:18

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 17.10.10

Audrey Hepburn

 

... há pessoas que não acreditam no amor à primeira vista. Tem graça, eu só acredito no amor à primeira vista. Mas eu, no fundo, sou um homem. Um homem romântico que vive na América. Embora (ainda) não 'um homem velho', como chamava Ludwig Wittgenstein a Elizabeth Anscombe.

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publicado às 10:11

Dos Antigos

por Carla Hilário Quevedo, em 16.10.10

Frederic Edwin Church, Broken Columns, View from the Parthenon, Athens, 1869

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publicado às 15:14

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 16.10.10

Audrey Hepburn

 

... quando Margaret Thatcher, aos nove anos de idade, ganhou um prémio na escola, disse: «It was not luck. I deserved it». A distinção entre sorte e merecimento é importante. Apesar de ser preciso ter sorte no júri que atribui os ditos prémios... Mas percebemos bem na frase a diferença entre o que depende de nós e o que não depende. É sensato concentrar as nossas energias no primeiro e deixar em paz o segundo. Sou uma pessoa que acredita com toda a ingenuidade no esforço e no talento. E que também acredita na sorte (e não no destino). A conjugação destas duas ideias leva-me, por vezes, a pensar que até podemos contribuir para ela. Eu, no fundo, vivo na América.

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publicado às 08:22

Rádio Blogue: O resgate dos mineiros

por Carla Hilário Quevedo, em 15.10.10

 Imagem do Guardian.

 

Não é comum mas acontece. Tivemos uma boa notícia. A partir das 4h13 da madrugada de 13 Outubro, em Portugal, assistimos ao que seriam gloriosas vinte e quatro horas, graças à dedicação total de uns no salvamento das vidas de outros. Especialistas do Peru, Canadá, Estados Unidos e Austrália ajudaram na operação de perfuração do solo. A estrutura metálica utilizada no resgate era alemã e o sistema de cabos e roldanas foi desenhado por austríacos. O sistema de controlo dos sinais vitais era japonês. O apoio da NASA foi uma constante em todo o processo. Os chilenos pediram ajuda, foram socorridos e uniram esforços no sentido de salvar os 33 sobreviventes da derrocada da mina de San José. Manuel González foi o primeiro a descer ao local onde se encontravam presos 33 mineiros há 69 dias. Apesar dos testes realizados à cápsula Fénix, havia riscos na operação. Manuel González enfrentou a sua missão com coragem. A experiência de 12 anos em resgate vertical ter-lhe-á garantido a calma e a confiança de que precisava. Após a sua descida em perfeita segurança, restava saber se a cápsula suportaria a subida com o primeiro mineiro. O Presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciaria, então, a ordem de saída dos primeiros homens: Florencio Ávalos, de 31 anos; Mario Sepúlveda Espinace, de 47 anos, Juan Illanes, 52 anos; e o boliviano Carlos Mamani, o único estrangeiro dos 33, de 24 anos. O primeiro grupo foi assim escolhido porque estes eram os mineiros mais ágeis, que podiam reagir mais facilmente a qualquer imprevisto no percurso. Para último ficaria o líder do grupo, o chefe de turno, Luis Urzúa, de 54 anos. O primeiro resgatado, Florencio Ávalos, apareceu à superfície em cerca de dez minutos. O mundo recebeu as imagens com alívio e apreensão. Parecia estar tudo a correr bem, mas faltavam 32. Com o segundo mineiro a ser salvo, Mario Sepúlveda Espinace, tivemos direito a uma exibição do espírito do sobrevivente. Mario Sepúlveda falou com os jornalistas e celebrou efusivamente o seu resgate. A sua força e alegria ficarão para sempre guardadas na minha memória como um dos momentos marcantes do resgate. Como descreveria a emoção provocada por esta operação de salvamento?

 

Publicado hoje no Metro. Deixe a sua opinião através do 21 351 05 90 ou no Jazza-me Muito. Os comentários que chegarem até quinta-feira, dia 21 de Outubro, às 15h, vão para o ar, na Rádio Europa, na sexta, dia 22, às 10h35.

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publicado às 17:02

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 13.10.10
Audrey Hepburn

 

... e acordou muito bem. Temos o privilégio de assistir a um momento único na História do mundo. Um dos mineiros do primeiro grupo, Mario Sepúlveda, disse que nunca deixou de acreditar nas pessoas encarregues pelo salvamento, que sempre teve fé e que tinha sorte. Viva o Chile!

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publicado às 10:06