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I guess I shoulda known
By the way you parked your car sideways
That it wouldn't last
Prince, Little Red Corvette
Promessas de amor eterno, até que a morte nos separe, têm cinquenta por cento de probabilidades de serem cumpridas. Um em cada dois casamentos em Portugal acaba em divórcio. Segundo dados recentes do Instituto Nacional de Estatística, no passado ano houve 40.391 casamentos e 26.464 divórcios. Será a média de 72 divórcios por dia suficientemente expressiva do modo como os portugueses encaram o casamento? É inevitável pensarmos que não ligam grande coisa à instituição. Parece, no entanto, que vários estudos indicam o desejo de conjugalidade de muitos divorciados. Muitos dos que se divorciam voltam a casar. Habitualmente, com pessoas diferentes. Sobre os motivos que conduzem à separação não há, contudo, estatística que nos ajude. Os inquéritos também não esclarecem o que leva um casal a viver durante dez anos na mesma casa e a divorciar-se meses depois de ter assinado um papel, nem explicam os que se dizem muito apaixonados deixarem um dia de se poder ver. Apesar da incerteza dominante, talvez poucos casem hoje em dia sem ser por amor. É uma exigência civilizada. Um casal que se ama não fica imune às adversidades previstas e aos problemas inesperados da vida, mas está mais bem equipado para sobreviver aos azares. E para celebrar as alegrias. Num casal que não se ama, as circunstâncias saem sempre vitoriosas. Porque quem não ama, não cuida, não apoia, não se interessa. Só faltas graves que justificam a quebra do contrato amoroso. Mais que enunciar uma lista de explicações para o divórcio, há que perceber que na maioria dos casais que se divorcia há um que invoca que casou com alguém muito diferente de si. Por mais que insistam na alegada atracção entre os opostos, a alma gémea continua a ser a mais procurada. Aposto mais na longevidade amorosa das almas parecidas que em uniões entre pessoas com expectativas muito diferentes. Mesmo contando com as excepções que servem afinal para confirmar a regra. O que esperam as pessoas hoje do casamento? Que motivos justificam o divórcio?
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Gerhard Isto-Não-É-Uma-Fotografia Richter, Lesende, 1994. Lembrado pela Helena Miranda.