Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Esta foi a fotografia que me inspirou a fazer a série Vida real. Chega aqui só agora porque sim. Tirei-a num dia de Verão escaldante; num daqueles por que hoje suspirei. O bicho parecia sossegado mas não me atrevi a chegar perto. O cão era um grande cão. Gostei do estilo 'menina estás à janela', com a pata descontraidamente de fora. Estava a aproveitar os quarenta graus.
... do tema, parece que foi aprovado mais um plano de combate à violência doméstica. Mas o problema de 'passar a mensagem' mantém-se. Não acredito que a campanha da pulseirinha dissuada os agressores. Porquê tanta timidez no combate ao crime?
A propósito do Dia Internacional Contra a Violência contra as Mulheres, um grupo de homens de Setúbal prometeu tapar as estátuas femininas no centro histórico da cidade. Segundo o presidente da Associação Homens Contra a Violência, José Manuel Palma, a acção simbólica de tapar as estátuas serviria como uma chamada de atenção para «a cultura desculpabilizante da violência nas relações íntimas». Imaginei logo que as estátuas representariam figuras femininas sem roupa daí a necessidade de as tapar. Mas não conheço as referidas estátuas em Setúbal e não percebi a relação entre as vítimas da violência doméstica e o acto de tapar as figuras. Serem de mulheres parecia ser o que movia este grupo de cidadãos talvez bem-intencionado mas pouco eficaz. Da acção de protesto contra a violência de género fazia ainda parte a leitura de alguns textos certamente escolhidos a dedo para a ocasião. Não pondo em causa a realização destas actividades de rua, como leitora de jornais, potencial transeunte de passagem por Setúbal e, porque não, como mulher, exijo mais cuidado com o modo como estas questões são tratadas. Exijo mais qualidade no protesto, que é sério e sobre um tema grave. Morreram este ano ainda mais mulheres às mãos daqueles com que partilhavam a sua intimidade. Apesar de a violência doméstica ser um crime público, a realidade continua a desafiar a lei. Em suma, o problema precisa de soluções eficazes e não de acções simbólicas. Se é certo que a participação de homens em campanhas contra a violência doméstica é importante, não deixa de ser menos relevante o modo como se manifestam. As estátuas tapadas podem representar a morte de mulheres mas a acção abre espaço a interpretações erradas. Ou a uma simples associação de ideias. Enquanto em Setúbal as estátuas são tapadas, Silvio Berlusconi, em Itália, manda restaurar o pénis e as mãos das estátuas de Marte e Vénus que tinha no seu gabinete. Um simbolismo demasiado simbólico nunca é útil ao protesto que se pretende inequívoco. O que pensa desta acção simbólica? A violência doméstica é pouco levada a sério no nosso país?
Publicado hoje no Metro. Deixe a sua opinião através do 21 351 05 90 ou no Jazza-me Muito. Os comentários que chegarem até quinta-feira, dia 2 de Dezembro, às 15h, vão para o ar, na Rádio Europa, na sexta, dia 3, às 10h35.