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by Christina Rossetti
White sheep, white sheep,
On a blue hill,
When the wind stops,
You all stand still.
When the wind blows,
You walk away slow.
White sheep, white sheep,
Where do you go?
Ainda a propósito do melhor jogo da década.
O nome destes compartimentos estreitos é canastro. Serviam para guardar milho e cereais - talvez daí também se chamarem espigueiros. Não sei que relação terá isto com a expressão «dou-te cabo do canastro!», mas tem de haver alguma.
Não havia nada que enganar. Um automóvel com sistema de navegação e uma condutora experimentada nas estradas mais obscuras de Portugal levar-nos-iam em tempo razoável à Quinta da Ventuzela, na região deslumbrante do Douro. Por estranho que pareça, não contávamos com o nosso próprio instinto de rebeldia, que nos fez questionar as indicações da máquina amiga que só nos queria mostrar o caminho do Porto para Cinfães. Termos demorado quase tanto neste trajecto que de Lisboa ao Porto reforçou a ideia mil vezes repetida durante a viagem de que o paraíso nunca esteve perto. Acresce dizer que se não ajudarmos, a distância aumenta consideravelmente. A dificuldade natural do acesso ao paraíso da Ventuzela mais difícil se tornou por causa da nossa subversão natural e talvez de um desejo de aventura no meio de um temporal em plena serra. Insistimos que às coisas boas da vida não se chega nem depressa nem com facilidade. Mas a metáfora resiste no caso da saída. Com o GPS ainda programado para Cinfães, desta vez a acreditar que Lisboa era ali, fizemos nova visita não programada à serra por estradas sinuosas e estreitas. Sair deliberadamente do paraíso deve merecer castigo.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 19-11-10
... ao título Do Exibicionismo é Porque Não Compras Uma Máquina Fotográfica?
Paul Emsley, Sir V. S. Naipaul, óleo sobre tela, 2009
* Pela segunda vez aplicado a uma natureza-viva, com um pedido de desculpas.
Vejamos alguns títulos só do Jornal de Notícias entre os dias 2 de Novembro e 18 do mesmo mês: «Colisão no IP4 fez um morto e cinco feridos»; «GNR registou 1452 acidentes na operação Todos os Santos»; «Acidentes fizeram 602 mortos até Outubro»; «Seis mortos num dia ‘negro’ nas estradas»; «Dois feridos graves em Tondela num acidente que envolveu táxi com crianças»; «Dois acidentes de moto fazem dois mortos»; «Acidente com autocarro em Lagos fez um morto»; e «Despiste na serra da Agrela causa um morto». As notícias sobre acidentes rodoviários graves sucedem a um ritmo quase diário. Em Portugal é infelizmente comum morrer na estrada. Ou ficar incapacitado na sequência de um desastre de viação. Paulo Marques, presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, informou num congresso sobre o tema que entre Janeiro e Abril deste ano morreram nos hospitais 275 pessoas em resultado de acidentes de trânsito. No ano passado, durante o mesmo período, houve 204 óbitos contabilizados até à entrada do hospital. Os peões, até agora ignorados pelas estatísticas, vieram ainda aumentar os números das vítimas da estrada. Quanto aos motivos por que estes acidentes acontecem sabemos o suficiente para nos parecerem evitáveis. Excessos de velocidade, álcool ou cansaço são algumas das explicações conhecidas. Há, no entanto, outra menos falada e igualmente nociva para si próprio e para os outros: o excesso de confiança ao volante. A soberba é observada sobretudo em condutores em localidades pequenas e também nos meios urbanos. Esta atitude de indiferença pelos que partilham um espaço comum é, no meu entender, a base do problema. No entanto, nem as campanhas mais explícitas nem a frieza dos números têm levado os condutores a modificar a sua atitude na estrada. O Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, celebrado este ano a 21 de Novembro, é uma iniciativa emotiva em que é evocada publicamente «a memória dos que perderam a vida ou a saúde nas estradas e ruas portuguesas». São iniciativas como esta que podem chegar a modificar o comportamento das pessoas ao volante? Porque são os portugueses tão arriscados a conduzir?
Publicado hoje no Metro. Deixe a sua opinião através do 21 351 05 90 ou no Jazza-me Muito. Os comentários que chegarem até quinta-feira, dia 25 de Novembro, às 15h, vão para o ar, na Rádio Europa, na sexta, dia 26, às 10h35.
* Com um agradecimento ao João Gonçalves, que um dia destes falou de Carlos Kleiber.
Acompanho no Twitter as reacções oficiais ao anúncio do casamento do Príncipe William e Kate Middleton. A BBC Breaking News está nisto desde manhã:
- Clarence House says wedding will take place in London in Spring or Summer 2011; David Cameron "delighted" by the news.
- Ed Miliband says he's "delighted" by royal wedding; London Mayor Boris Johnson - "it's fantastic; in a weird way, it cheers everyone up".
- Nick Clegg "thrilled" for Prince William and Kate Middleton and sends "very best wishes" from himself and his wife Miriam.
- Prince William's aunt Sophie Wessex says of #royalwedding the whole family wishes the couple "all the love and luck in the world".
E, por enquanto, finalmente:
- Prince Charles says he's "thrilled" over Prince William's engagement as the couple have been "practising for long enough".
Tem graça.
Passava pouco do meio-dia quando um casal de bailarinos de tango encantou os presentes na inauguração da Quinzena Argentina do supermercado do El Corte Inglés. Enquanto os dois deslizavam entre os chouriços, a picanha, os Malbec e os alfajores, os visitantes mais sôfregos metiam o nariz e as mãos nas prateleiras e descobriam temperos argentinos, bolachinhas, erva-mate e novas marcas de vinho. Diz quem percebe do assunto desde pequenino que o dulce de leche Chimbote (dois euros e cinquenta) é melhor que o clássico Havana, a mesma marca dos divinais alfajores. Sigo a indicação da autoridade na matéria e compro mais um frasco para oferta. A minha atenção é subitamente desviada para uma embalagem de Chimichurri – ou nas palavras de Jorge Luis Borges, «give me curry». A partir de agora, é possível adquirir, por uns modestos sessenta cêntimos, as ervas que participam neste molho delicioso. Basta acrescentar água e vinagre e é perfeito para acompanhar a carne. Mais abaixo dou por um pacote de caramelos. Tento resistir. Um espírito que preze a moderação não quer saber de açúcar. Mas são de dulce de leche! E nunca se come demasiado dulce de leche em Portugal.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 12-11-10
Brigitte Bardot
... parece que houve outro temporal em Lisboa. É provável porque onde estive, no Norte do país, choveu a potes e estava frio. Há pelo menos uma década que não ia ao belo Douro. Mas ainda não foi desta que fizemos a descida ou subida do rio, nunca sei. O regresso à Natureza foi feito por estrada. Não quero assustar ninguém mas íamos morrendo todos numa curva estreita no meio da serra. A culpa não seria nossa, mas do condutor que se apresentou na faixa contrária a uma velocidade estúpida. É comum em sítios assim, very typical, haver condutores que se julgam especialistas em caminhos sinuosos e os percorrem com aquilo a que chamam conhecimento, destreza e facilidade. Sobretudo depois do almoço. Um dia morrem na estrada e levam mais uns quantos com eles. Se está um dia lindíssimo? Por amor de Deus, claro que está!