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O melhor electrodoméstico: o iPhone.
Best game: Angry Birds, com as variantes Angry Birds Seasons e Mighty Eagle incluídas.
Personalidade do ano: Julian Assange.
Personalidade menos comercial do ano: Papa Bento XVI.
Um acontecimento: o resgate dos mineiros no Chile.
Um quadro: General Officers of the Great War, John Singer Sargent, na National Portrait Gallery.
Um museu: Sir John Soane's Museum, com um carinho especial pelos Hogarth que possui.
Um site: Big Questions Online.
Uma aliteração trash-pimba: sun kissed skin so hot...
Um marido: Russell Brand.
O cabelo: o da Maria João, cabelinho de anjo, a crescer com força e vigor.
As raparigas: F, World, Meditação na Pastelaria, Os Tempos e as Vontades, Fio de Prumo, Lucy Pepper.
Os rapazes: A Causa Foi Modificada, Abrupto, O Jansenista, Portugal dos Pequeninos, O Insurgente (mil desculpas! Rapazes e raparigas juntos, como deve ser).
Best Twitter: Kelly Oxford, Lord Ass.
A passagem: «Foi nesse mesmo instante que Ivan Iliitch caiu no buraco, viu a luz e teve a revelação de que a sua vida não tinha sido o que devia ter sido, mas que isso, afinal, era remediável.» in A Morte de Ivan Iliitch, de Lev Tolstoi, tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra, Lisboa: Relógio d'Água, 2007.
Um filme de 2008 visto em 2010: Il Divo.
Três filmes de 2009 vistos em 2010: Das Weisse Band, Whatever Works, A Serious Man.
Um filme do ano: Alice in Wonderland.
Três programas de televisão: A Última Ceia, Late Night With Conan O'Brien, Conan.
Três séries televisivas: Dexter, The Good Wife, Modern Family.
O anúncio mais giro do ano: Quem é o mais barato da bebé, quem é?.
Um ciclo de cinema doméstico: Luis Buñuel, sempre.
Um dia: 15 de Agosto.
Duas bebidas: água das pedras e sumol de ananás.
O restaurante: o nosso sítio.
Ava Gardner
... vestida para receber o novo ano e ainda a pensar no filme Il Divo, que vi há dias porque o canal dois teve a bela ideia de o transmitir. É desconcertante, apesar de tudo, que a democracia cristã italiana, que era com Aldo Moro, Giulio Andreotti, et alli, muito culta, muito lida, inteligente e hábil, tenha sido também corrupta, mafiosa, no estrito sentido da palavra, criminosa. Roma não deixa de ser Roma. Além das inúmeras frases memoráveis do filme, fixei a minha atenção na língua em que eram ditas. Está na hora de aprender italiano! Mas antes façamos uma breve lista.
A 15 de Outubro de 1914, Ludwig Wittgenstein escreve no diário (v. Diários secretos) que recebeu uma carta de Keynes, em que este lhe perguntava se a bolsa do Professor Johnson de duzentos libras esterlinas se manteria depois da guerra. W. diz-se indignado com a pergunta de trabalho de quem um dia fora tão próximo dele. Já para não falar da sua absoluta falta de oportunidade.
Este foi um dos livros que mais gostei de ler este ano. Outro foi A Morte de Ivan Iliitch, de Lev Tolstoi. E depois houve outros. Nenhum de 2010.
Audrey Hepburn
... três coisas antes das outras que são da praxe publicar por estes últimos dias do ano. Antes de mais, nunca comprei nada na Ensitel e não é agora que vou começar. Segundo, o ex-presidente israelita Moshé Katsav foi condenado por violação. Lembro-me de há tempos ter referido o caso. Um homem giro e um espírito criminoso. Terceiro, Portugal não acaba em 2011. Mas talvez acabe em 2013. Temos muito pouco tempo para impedir que tal desgraça aconteça. Como? Antes de mais, reduzindo a dependência. Este é um enorme problema tipicamente português, que também tem que ver com educação. Não falo da dependência no sentido alargado do termo: de sermos todos dependentes (que somos, como seres humanos, animais dependentes uns dos outros: cf. MacIntyre). Falo da urgência em criar condições que permitam às pessoas fazerem a sua própria vida, num caminho que escolheram para si, e que não seja tão difícil e espinhoso. Quem quer ser independente (ou quem não tem outro remédio, porque não tem ninguém que o ampare), percebe as dificuldades com que se depara neste país. Pois se nem os pais incentivam os filhos a sair de casa! Portugal tem um grave problema económico que não se dissocia deste grave problema de educação. Dizem que é uma mentalidade. Acrescento que é uma mentalidade que levará o país à ruína. Antes que me medinacarreirize, devo dizer que encaro o novo ano com fé. Não é tudo mau.
Um artigo de Christine Whelan, no Big Questions Online, descreve um comportamento diferente da actual geração pós-adolescente. Whelan conta que os seus alunos, com vinte e poucos anos, parecem ter um problema em ver um aspecto positivo em pessoas ou situações que classificam como sendo completamente negativas. Os ensinamentos dos bisavôs, que recomendavam o silêncio quando não havia nada agradável para dizer, são assim postos definitivamente de parte pelos jovens que afirmam que é impossível conciliar a integridade com as maneiras. A honestidade na interacção social passa assim a ser o aspecto mais importante nestas novas relações em que não há nem delicadeza nem maneiras. Se por um lado considero obrigatório não elogiar quando não há nada de bom a dizer nem ceder em pontos que comprometem uma identidade própria, por outro creio que é não possível viver em comunidade sem sermos empáticos com os outros. Encarar as boas maneiras como um compromisso inadmissível com a verdade sobre si próprio é estar a contribuir para um futuro mais cru para todos. É possível ser honesto e não fazer com que os outros se sintam mal. Basta não nos levarmos tão a sério.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 24-12-10
Uma mulher de 44 anos, mãe de três, é notícia porque se descobriu ter uma doença genética rara que num certo momento indefinido da vida lhe destruiu a amígdala. É estudada há mais de vinte anos por investigadores e psiquiatras sobretudo norte-americanos. O estudo mais recente sobre esta mulher peculiar revela que a amígdala é um detector de perigo importante no nosso cérebro. O resultado da condição da paciente é o sonho de qualquer criança: a mãe não tem medo de nada. O pior é também não reconhecer expressões de pânico nas crianças, o que será um inconveniente. Mexe em cobras e adormece a ver filmes de terror japoneses. Um dia teve de ser agarrada porque queria muito fazer festinhas numa tarântula. Ser temerário não é uma virtude. E a imprudência só deixa de o ser em circunstâncias com um desfecho muito bom. Um irreflectido sem sorte está tramado. Mas sorte é o que não falta a esta mulher, que sobrevive apesar da doença que a põe constantemente em perigo de vida. Quando foi assaltada por um homem que a ameaçou com uma faca, revelou uma tal frieza que o criminoso fugiu dela a sete pés, aterrado. Só espero que nunca queira nadar na companhia de tubarões.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 24-12-10
Simon Vouet, Vénus Endormie (1630-40), óleo sobre tela, 100,5 x 84 cm, © Museu de Belas Artes de Budapeste
... porque o Henrique não sabe o que diz. Creio já ter alertado aqui para o facto de Sweeney Todd não ser para menores de 37 anos. E não é Burton: é Burton e Sondheim. Vou rever hoje, no canal um, e pela septuagésima nona vez, um dos melhores filmes da década. Viva o serviço público!
Marilyn Monroe
... estava à espera de divulgações mais comprometedoras do WikiLeakes, como aquela sobre o Presidente do Sudão, que depositou milhares de milhões num banco inglês. O protagonista não nos inspirava muita confiança, é certo. Mas imaginem notícias parecidas com outros actores. De quem esperamos mais, afinal? Se calhar, já nada de ninguém. É certo que a divulgação de locais de interesse para os Estados Unidos na luta contra o terrorismo ultrapassa o limite daquilo que é de interesse público. Neste aspecto, estou de acordo com os mais críticos das actividades de Assange. O problema não é a divulgação de conversas de diplomatas acerca do botox de Khadafi ou sobre as perguntas da senhora Clinton sobre a saúde mental de Cristina Kirschner. Isto choca quem tiver expectativas especiais relativamente aos intervenientes na diplomacia. O crime do WL é a divulgação pública de segredos militares. Tenho uma vaga ideia de que a isto se chama traição, e para a qual, até há bem pouco tempo, a pena era a morte. Mesmo assim, penso que Assange só corre sérios riscos de ser assassinado se houver leakage de informação muito específica sobre corrupção. Ou se aparecer algum cable comprometedor acerca do suicídio suspeito de Marilyn Monroe. O desassossego desta mulher levou-a a dois Kennedy. Logo a dois irmãos, sua tola irrequieta...
O grande sucesso deste Natal foram as colheres de chocolate preto e de leite, que se afogam lenta e graciosamente no café.
The Ghostwriter (muito bom). How To Train Your Dragon (muito bonito, mas seria perfeito se tivesse menos vinte minutos). Goya's Ghosts (de repente, torna-se insuportavelmente violento). Il Divo (um grande filme - absolutamente a não perder).