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Descobri esta maravilha quando andava à procura já não sei de quê. O YouTube é mágico.
Já tinha ouvido falar da cultura milenar, da paciência e da tortura chinesas. Agora podemos acrescentar à lista a mágoa chinesa. A atribuição do prémio Nobel ao dissidente Liu Xiaobo, que cumpre uma pena de onze anos de prisão, provocou um desgosto tão grande que a China instituiu, em tempo recorde, um galardão alternativo chamado prémio Confúcio da Paz. Os nomeados foram escolhidos com cuidado: Nelson Mandela, Bill Gates, o poeta Qiao Damo, o lama tibetano escolhido por Pequim, o Panchen Lama, Gyaincain Norbu, e o ex-presidente do Taiwan, Lien Chan. And the Confucius goes to… Lien Chan foi nomeado por causa da ponte da paz e compreensão que estendeu da saudosa ilha até ao País do Meio. Hitler fez uma coisa parecida quando criou, em 1937, o Prémio Nacional Alemão para a Arte e a Ciência. Foi a retaliação pelo Nobel outorgado ao pacifista Carl von Ossietzky, que, curiosamente, também estava preso. Não sou fã do Nobel da Paz nem do da Literatura, porque são prémios que em geral nada têm que ver nem com uma coisa nem com a outra. Não me parece, no entanto, que seja motivo suficiente para inventar um concurso alternativo. Mas a minha mágoa, lá está, não é chinesa.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 17-12-10