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O povo português tem sido confrontado com medidas de austeridade que o empobrecem de dia para dia. Os que têm trabalho sentem os efeitos dos cortes de salários e pensões, da redução dos subsídios e dos aumentos de preços. Sabemos de notícias de pessoas desempregadas em situações de dificuldade extrema. No meio das preocupações reais, que causam sofrimento, aparece Eduardo Catroga, surgido das cinzas de um filme amador. A sua nomeação como presidente do conselho geral da EDP foi mal recebida e há motivos naturais para isto acontecer. O Correio da Manhã dava nota de que Catroga irá receber cerca de 45 mil euros por mês, além da pensão de reforma de 9600 euros, que acumulará com o novo ordenado. Quanto ao vencimento, ouço e leio a indignação, mas a verdade é que ninguém tem nada a ver com isso. Quanto à reforma, a questão parece ser outra. Ser legal que pessoas no activo possam abdicar do salário em detrimento de uma reforma dourada já é suficientemente difícil de entender. Ser legal acumular reformas douradas com vencimentos milionários é simplesmente imoral. Não admira que a paciência da maioria, a quem se exige todos os sacrifícios, esteja por um fio. O parlamento tem trabalho pela frente: estabelecer um plafond para as reformas e criar leis que impeçam a acumulação das mais elevadas com ordenados. Pois se até eu sei isto! Entretanto, Catroga resolveu exteriorizar o seu pensamento: «50 por cento do que eu ganho vai para impostos. Quanto mais ganhar, maior é a receita do Estado com o pagamento dos meus impostos, e isso tem um efeito redistributivo para as políticas sociais». Mas que sorte tem o País. Aliás, se não fosse o Catroga a trabalhar não sei o que seria nós.
Publicado hoje no Metro.