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Dor de Cabeça: Aperto de mãos

por Carla Hilário Quevedo, em 09.03.12

O que esperar de centenas de milhares de pessoas que partilham o mesmo espaço durante duas semanas? Segundo a Associação Olímpica Britânica (BOA), nada menos do que uma epidemia. Foi com esta convicção para os Jogos Olímpicos (JO) de Verão, em Londres, que a BOA elaborou um guia de conselhos para os atletas e o seu staff. Uma das sugestões tem que ver com os cuidados de higiene das mãos: devem ser lavadas com frequência, o uso de um gel desinfectante é recomendado e os apertos de mão devem ser evitados. O objectivo é o de prevenir doenças que impeçam os atletas de ganhar as tão ambicionadas medalhas. Quem viu Contágio, de Steven Soderbergh, sabe que as mãos humanas são os veículos preferenciais dos vírus, que se propagam graças à nossa disponibilidade para sermos cordiais uns com os outros. Reza a lenda que o cumprimento começou por ser um gesto revelador de que os homens não estavam armados. É este sinal de boa vontade que a BOA quer afastar da mais importante competição desportiva. Banir a expressão da cordialidade é o primeiro passo para termos os JO com menos espírito desportivo de sempre. Pelo menos, aos olhos do mundo. Da direcção de comunicação da BOA, Darryl Seibel explicou não se tratar de uma imposição, mas de um modo de lembrar os atletas que devem minimizar os riscos para a saúde no «ambiente hostil» da vila olímpica. Por falar em Contágio, já que estamos em maré de recomendações, sugiro o uso de fatos isolantes e aparelho respiratório autónomo. Vai demorar a vestir e a despir, mas valerá a pena. Ou, então, luvas; sobretudo para as ocasiões em que os atletas vão receber as medalhas e têm de apertar vinte mãos. Assim é limpinho, é elegante, e ninguém fica zangado.

 

Publicado hoje no Metro.

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publicado às 19:08

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 09.03.12
Brigitte Bardot

 

... o Dia Internacional da Mulher foi ontem celebrado nas redes sociais com uma mistura de exaltação foleira e alarvidade machista, com as necessárias excepções. As mulheres acham que têm de ser supermulheres, que curioso. Têm de ser tudo ao mesmo tempo, ir a todas, têm de se estafar para atingir aquilo que delas se espera, e a que parecem querer corresponder, que é nada menos que um máximo por vezes impossível de cumprir sem custos para a saúde mental e física. Estas exigências próprias e alheias de perfeição implicam uma certa conduta, um comportamento que se pretende adequado em todas as situações, que tantas vezes requerem que a mulher seja simplesmente uma santa. As mulheres conquistaram direitos, mas não ainda aquele que tem vindo a ser subtraído à sua história: o direito de fazer a sua vida, de usar a sua cabeça, de não aceitar sugestões, de não dar mais do que o que recebe em troca. As que perseguem os seus objectivos e vivem como querem e as que fazem da sua vida o que podem são 'más'. A todas as mulheres 'más', os meus respeitosos cumprimentos. E a António Araújo, que bombardeia sem piedade gente a quem a vida passou ao lado e que convive da pior maneira com isso, uma saudação extremamente cordial.

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publicado às 09:01