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Se a memória não me falha, no meu tempo não era assim. Mas um 12.º ano atípico, concluído numa escola diferente do liceu onde passei grande parte da minha adolescência, pode ser o responsável pelas quase nenhumas recordações que tenho de hipotéticas viagens de finalistas. No liceu? Não me lembro de haver planos nesse sentido, mas, repito, se calhar não estive atenta. Ou, então, a ideia de passar uma semana num sítio de nome ameaçador como Torremolinos, com uma série de gente que me era estranha, me pareceu tão desagradável que a apaguei da minha memória. Penso, no entanto, que as viagens de finalistas de liceu têm uma importância cada vez maior para os adolescentes, mas são motivo de notícia pelas piores razões. Correndo o risco de parecer uma velha do Restelo, diria que, com as necessárias excepções, não percebo os divertimentos preferidos dos miúdos de hoje. Não faço ideia do que haverá de divertido em beber até ficar inconsciente no meio da rua às dez da noite. Não sei como poderá ser engraçada a estadia daqueles que saltam de varanda em varanda, arriscando a vida por nenhuma razão a não ser a de se mostrar mais ousado ou ser eleito O Mais Palerma entre os palermas dos colegas. Não entendo o que leva uma pessoa, mesmo com 16 ou 17 anos, que não sabe quem é nem do que é capaz, a atirar-se para a piscina da varanda do quarto. Terei afinal 70 anos em cada perna. Pois do alto dos meus esbeltos 140 anos, recomendo um litro de sensatez nas brincadeiras perigosas destas viagens. A última notícia que tivemos é tão triste que a guardo para o fim. Um rapaz de 17 anos morreu em Lloret del Mar na sequência de uma queda. Pode ter sido um acidente, mas não devia ter acontecido.
Publicado hoje no Metro.