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Família moderna

por Carla Hilário Quevedo, em 03.04.12

Michelle Obama afirmou há dias numa entrevista a David Letterman que o cão de água português Bo é mais um filho que tem. Repetiu que não tem duas filhas, mas três filhos, contando com Bo, o mais novo. O discurso é conhecido entre os que gostam dos seus animais de estimação e os consideram membros da família. Michelle Obama não está a dizer nada de novo, mas a relação familiar com o seu cão pode não ser exactamente aquela em que está a pensar. Ou melhor, até pode acreditar que Bo é seu filho, mas não é de certeza o mais novo. As contas das idades dos cães e dos gatos são complicadas de fazer. Nos cães é ainda mais difícil porque tudo depende da esperança média de vida de cada raça. É consensual que cães pequenos e médios vivem mais anos do que os maiores. Assim, cheguei a um número para o Bo, que em Outubro deste ano fará 33 anos. Isso faz de Michelle aquela rapariga que casou aos quinze… Ou seja, não é nada filho nem o mais novo, mas porque não fala e é dependente há logo a tentação de o deitar no berço. Entretanto, concluí que o meu gato vai a caminho dos 70. Nunca o tratei por «filho» e ainda bem. Podia confundir o pobre bicho, que afinal é meu «pai».

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 30-3-12

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publicado às 16:15

Primeiro mundo

por Carla Hilário Quevedo, em 03.04.12

Uma educadora de infância subverteu um clássico da canção infantil «Atirei o pau ao gato», acrescentando no final os versos «batata frita/ viva o Benfica». Se quisermos ser politicamente correctos ad nauseam, entendamos que o tema apela à crueldade contra animais. Mas esqueçamos a versão original. Um pai atento e adepto do Futebol Clube do Porto não gostou da novidade e apresentou queixa desta escola pré-primária na Ericeira ao Ministério da Educação. Entretanto, o FC Porto, num comunicado intitulado ‘Madrassa da Ericeira’, publicado no site, saudou a atitude do pai e aproveitou para nos informar da pouca-vergonha que vai pelo país fora: «Mais grave é entretanto o FC Porto ter tido conhecimento que a adulteração da letra é prática diária e repetida três vezes ao dia não só no jardim-infância da Ericeira, mas também em todas as escolas do pré-escolar do agrupamento e também noutras dos concelhos de Lisboa e Cascais». Condicionar o gosto dos inocentes não é aceitável, por isso daqui saúdo o pai portista. O episódio é refrescante porque nos faz acreditar que vivemos num país onde questões como a liberdade de escolha são importantes na vida das pessoas.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 30-3-12

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publicado às 16:07

Bomba de Ouro

por Carla Hilário Quevedo, em 03.04.12

Na verdade, Bomba de Ouro é pouco para este texto do Francisco Mendes da Silva, a que cheguei pelo Paulo Pinto Mascarenhas. Bem escrito, muito bem contado, quase cinematográfico. Além do mais, sem que fosse essa a sua intenção, acaba por descrever motivos gerais que se observam nos partidos em Portugal, que levam várias pessoas com mais de três neurónios a não querer fazer parte de nenhum, para mal dos eleitores, que depois se vêem aflitos na hora de votar. Falo, naturalmente, do ponto de vista de quem vota e só muito raramente pratica a abstenção.

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publicado às 11:06

Eu hoje acordei assim...

por Carla Hilário Quevedo, em 03.04.12

Angelina Jolie, bem acompanhada

 

... ficámos a saber que a Universidade de Coimbra tem um Magnum Concilium Veteranorum, que reúne mediante um Convocatio, que é afixado à porta da sala Sr. Xico. É presidido pelo Dux Veteranorum, que há dias tivemos o prazer ou o enorme azar de ver e ouvir dizer que os 'atropelos à praxe', vulgo 'crimes de agressão', que 'tenham-se verificado', pela saúde dele, serão não sei o quê. Ah, se o ridículo matasse...

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publicado às 10:37