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Dos Modernos

por Carla Hilário Quevedo, em 10.04.12

Martha Rosler, Nature Girls (Jumping Janes), from the series Body Beautiful or Body Knows No Pain, 1966-72

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publicado às 19:37

Não há que ter medo

por Carla Hilário Quevedo, em 10.04.12

Li um artigo na revista The New Yorker sobre a utilidade dos novos meios de expressão online, sobretudo o Twitter. Sasha Frere-Jones começa por atacar a desconfiança de Jonathan Frazen, que há pouco tempo se insurgiu contra a comunicação no Twitter, que lhe parece superficial e contrária à procura de argumentos válidos para defender pontos de vista. Mais, segundo o escritor, o Twitter estará a contribuir para a decadência do debate: a falta de espaço e a rapidez das conversas são os maiores inimigos da troca de ideias. Compreendo o que diz, mas estou do lado de Frere-Jones, que diz que não há que ter medo dos novos meios, porque o Twitter não substitui nada nem conversa nenhuma e ainda porque, como em tudo na vida, há participantes no meio que são muito bons a estimular discussões em que é preciso dizer o máximo em pouco espaço. A capacidade de síntese é desenvolvida e a atenção dos outros obriga à constante correcção do que é dito. A comunidade no Twitter é exigente, está atenta, é participativa. E temos visto como é uma testemunha valiosa do quotidiano em tempo real. O Twitter é um aliado da imprensa. Não é por acaso que os jornalistas gostam tanto dele.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 6-4-12

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publicado às 19:31

Sou contra

por Carla Hilário Quevedo, em 10.04.12

Fechou a única livraria em Portugal dedicada exclusivamente à venda de livros de poesia. Falei dela há tempos, quando a descobri, sei agora que demasiado tarde: era a Poesia Incompleta. Situada no número 11 da Rua Cecílio de Sousa, em Lisboa, a Poesia Incompleta era sobretudo o seu proprietário, Mário Guerra, mais conhecido pelo petit nom Changuito. O sítio na cidade era único por causa da pessoa que o ocupava. É assim que se reconhecem os locais singulares: pelas pessoas que os habitam e que não são substituíveis, ao contrário do que os realmente substituíveis afirmam. Houve assim uma perda a dobrar neste fecho inesperado. Ficámos sem livraria e o Mário Guerra não sei para onde foi. Apesar da notícia triste, brilha uma luz ténue de esperança no post curtíssimo no blogue da livraria, na promessa de que abrirá noutra morada, quem sabe, talvez em breve. Mas não me animou. Até que me ri com uma frase do Changuito, que, em declarações à Lusa, referiu que durante este tempo teve por dia «27 tipos chatos a acharem que sabem escrever poesia e meio cliente». Fechou «sem dívidas e sem dúvidas». Fez o que quis e partiu naquela estrada. Fez bem e sou contra.

 

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 6-4-12

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publicado às 19:29