Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
As comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República foram inauguradas com Paulo de Carvalho a cantar a capella o tema “E depois do adeus” diante de um silencioso hemiciclo. Estava dado o mote para um dia diferente, embora, ao que parece, meteorologicamente similar àquele vivido há 38 anos. Assunção Esteves mencionou Homero, um nome que não ouvimos todos os dias. Afirmou, então, a Presidente da Assembleia da República que a União Europeia, quando lida com os diferentes Estados-membros, deveria ter um comportamento parecido ao do poeta grego, que, na Ilíada, tratou gregos e troianos por igual. É uma analogia, sem dúvida, original. Cavaco Silva, por seu lado, fez um discurso elogioso do País, exortando ao patriotismo dormente dos portugueses. No meio do discurso pouco comum de apelo entusiasta à promoção do melhor que se faz no País, Cavaco Silva surpreendeu ao fazer uma referência à rede social Twitter. “A língua portuguesa é uma comunidade de futuro. Basta referir que, na rede Twitter, o português é a terceira língua mais utilizada”, despachou o Presidente. Cavaco Silva também tem direito ao seu Homero. Estava, portanto, tudo a correr bem, até os partidos começarem a falar. Cecília Honório, do Bloco de Esquerda, acusou o Governo de ter “um sentimento sanguinário de vingança contra o Estado Social”. Como levar a sério um partido que utiliza este tipo de linguagem violenta? O PCP acusou PS, PSD e CDS-PP de terem transformado Portugal “numa enorme junta de freguesia”. Sabemos que o problema não é novo. Por fim, Carlos Zorrinho, do PS, prometeu fazer “uma ruptura democrática com quem baixar os braços”. Ora, estas declarações soam a ameaça. Isto significa exactamente o quê?
Publicado hoje no Metro.