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Dos Antigos

por Carla Hilário Quevedo, em 11.05.12

Jan van Eyck, Madonna with the Child Reading, 1433

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publicado às 17:08

Dor de Cabeça: Ler

por Carla Hilário Quevedo, em 11.05.12

Há dias apareceu a circular no Twitter a notícia da morte de Vasco Granja. Imediatamente, graças ao mecanismo demoníaco do retwittar, que consiste em fazer passar a informação que nos chega à lista de seguidores de cada um, a morte de Vasco Granja era lamentada online como mais uma grande perda para o País. Os comentários apareceram ao longo do dia acompanhados de lágrimas frescas por um ícone de gerações que cresceram a ver desenhos animados checos e aprenderam a dizer Tex Avery antes de saber falar. Até que alguém mais desconfiado, com mais memória e mais atento à data da notícia no Público à qual o Expresso online entretanto se referira em última hora, percebeu que Vasco Granja falecera, sim, mas há três anos. Por que aconteceu esta confusão? No meu entender, por razões preocupantes. Tudo começa com a desatenção à data da notícia. Quem começou a divulgar a morte como se tivesse acontecido ontem, não prestou atenção ao cabeçalho. Mas embora o equívoco comece aí, não é o facto mais grave. Toda a gente se engana a ler. Os enganos dão origem a problemas de comunicação, mas as pessoas envolvidas na mesma leitura costumam corrigir as faltas de atenção. Isso não aconteceu aqui. O problema maior aconteceu depois. Nas redes sociais, há o mau hábito de receber a informação sem espírito crítico, sem pensar sobre o que está escrito, quanto mais olhar para as datas das notícias. A informação chega ao Twitter e ao Facebook e não é lida, mas aceite como verdadeira e, neste caso, actual. O estranho caso da recuperação da notícia da morte de Vasco Granja serve para percebermos que as redes sociais ajudam na hora de espalhar a mentira, o boato. Como se combate o problema? Aprendendo a ler.

 

Publicado hoje no Metro.

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publicado às 16:39