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Chega de palavras, é necessário passar à acção.
Em Junho do ano passado, António José Seguro mostrou estar “profundamente chocado” com o anúncio do corte no subsídio de Natal à função pública. Em Setembro, dizia o Diário de Notícias, o líder do Partido Socialista estava “chocado com as posições do Governo sobre o programa Novas Oportunidades, aumentos do gás e luz e Eurobonds”. Sim, com isto tudo. Para acabar o ano em chocante beleza, manifestou em Dezembro estar “profundamente chocado” com as declarações de Pedro Passos Coelho sobre a necessidade de os professores emigrarem. São inúmeras as ocasiões este ano em que António José Seguro tem afirmado a mesma atitude de choque. Deve ser cansativo. Às vezes, também o encontramos “surpreendido” com a realidade. Mais recentemente, perante as declarações inúteis de Passos Coelho sobre desemprego, António José Seguro foi mais longe e colocou o sentimento de choque e indignação, nada menos que profundos, nos portugueses: “Eu já tive oportunidade de ouvir muitas pessoas que na rua me cumprimentaram e se me dirigiram estavam profundamente chocadas e indignadas com estas declarações do Primeiro-ministro”. O modo de fazer política através da expressão da indignação não é novidade. Nem sequer é nova a atitude de reclamar para si a exclusividade do entendimento do sofrimento alheio. O líder do PS está chocado. A pergunta que deve ser feita é quem é Seguro para se chocar assim. É este cepticismo que está presente no meu coração de eleitora. A indignação faz parte da vida das pessoas, que estão claramente a empobrecer, e o momento é aproveitado para fazer uma política que se limita a usar um sentimento para falar aos eleitores. Mas se não fosse assim, o que teria o PS para dizer ao País?
Publicado hoje no Metro.
Sarah Silverman
... sempre que escrevo a elogiar o sexo feminino em geral deparo-me com uma série de casos de mulheres galopantemente burras, com ideias mesquinhas e ignorantes, daquelas que envergonham qualquer pessoa minimamente lúcida. A defesa das mulheres como entidade abstracta é importante, na medida em que consiste na defesa da igualdade de acesso aos lugares no mercado de trabalho. O pior deste discurso da igualdade é a ideia entretanto inventada de que as mulheres podem desempenhar certas funções melhor do que os homens. A questão não é essa. Só defendo que não há razão para escolher o homem quando há um homem e uma mulher com qualificações parecidas a concorrer ao mesmo lugar numa empresa. Isto é que é igualdade. Porque é que entre um homem burro e uma mulher burra, é o homem que fica quase sempre com o lugar? Esta é a verdadeira discriminação. Não tenho esperança numa melhoria do mundo entregue nas mãos só de mulheres nem apenas de homens. Também não me move uma fé especial num mundo entregue aos que 'merecem', escolhidos entretanto por quem nunca teve de merecer nada. Reparem como a meritocracia aparece num momento de viragem para as mulheres no mercado de trabalho. Não sou paranóica, mas dá que pensar. Seja como for, que fique claro o seguinte: sexo feminino em geral, tudo bem; mulheres em concreto, depende muito.