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Sou espectadora do programa Olhos nos Olhos, na TVI24, com Judite de Sousa e Medina Carreira. Gosto da impaciência de Medina Carreira; gosto de quando agarra nos óculos com aquele ar de quem tem vontade de largar tudo, apanhar um táxi para o aeroporto e comprar um bilhete só de ida para outro sítio qualquer, menos a Grécia, a Irlanda, a Espanha, a Itália, ah!, e a França. Gosto do vocativo à antiga que dedica a Judite de Sousa: “Ó filha, a Alemanha...”. Faz parte da representação cúmplice. Ele é inquieto e resmungão; ela amua, faz beicinho e exige respostas concretas, que não temos o dia todo para estar aqui, sôtor. Quase todas as semanas, há um convidado no programa. Na segunda, foi a vez de Maria do Carmo Vieira, professora do ensino secundário em Lisboa. As ideias que tínhamos a respeito do ambiente generalizado de negligência no ensino e de falta de respeito por professores e alunos foram confirmadas por Maria do Carmo Vieira, que esclareceu que ainda nada mudou nos programas curriculares. Mesmo a tristemente famosa TLEBS, uma reforma exótica da nomenclatura gramatical do Português, parece não ter desaparecido para sempre. Infelizmente desaparecidas do currículo escolar estão as linguas clássicas, o Grego e o Latim, entendidas como “mortas”, mas que estão bem vivas na nossa língua. Maria do Carmo Vieira explicou que um professor de Português pode nunca chegar a ter aulas de Latim ou de Literatura Portuguesa. O Grego antigo quase nem existe. Foi um instante até se chegar ao discurso pavoroso da falta de utilidade das Humanidades. Por mim, acabava com mais de metade dos cursos de Economia e Gestão. Ó filhos, basta olhar para o País para percebermos que não funcionam.
Publicado hoje no Metro.